Há 75 anos, em 08 de maio de 1945 era anunciado no Reino Unido, pelo Rei George VI, o fim da 2ª guerra mundial, com a rendição do exército nazista, destruído pelas forças aliadas (EUA, Inglaterra, França e outros países) e pelo Exército Vermelho, da antiga URSS. Mas, o final da guerra mesmo se daria meses depois, em 2 de setembro, com a rendição do Japão, após o bombardeio nuclear americano nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. A 2ª Guerra Mundial é considerada o conflito mais caro e que mais fez perder vidas na história da humanidade. Um conflito que envolveu 72 países durou seis anos e deixou mais de 70 milhões de mortos, sendo 27 milhões na União Soviética.
O fim da 2a guerra erigiu uma nova ordem mundial, com o fim do império inglês e a ascensão dos EUA e da URSS como novas superpotências. Após o fim da guerra surgiram os organismos multilaterais internacionais como a ONU, OEA, o nascimento do Estado de bem-estar social, em alguns países europeus, um investimento bilionário de estímulo ao crescimento, para a reconstrução dos países mais atingidos pela guerra – o Plano Marshall, liderado pelos americanos, e o mundo passou a viver o cenário da “guerra fria”, a divisão das nações do mundo entre a influência americana e a soviética, que só terminaria nos anos 1990, com o fim dos estados operários no leste europeu.
Este Caderno Especial do Esquerda Online procura discutir a importância e as consequências deste fato histórico mundial, do ponto de vista histórico, econômico, geopolítico, e também sob a ótica da luta contra a opressão às mulheres, negros e negras e LGBTI+, particularmente neste momento em que o mundo vive uma enorme crise sanitária, sem solução a vista, que obrigou a paralisação mundial da produção, do comércio e do trabalho, enquanto a população do planeta assiste ao colapso da economia e a morte de centena de milhares de pessoas, e todos discutem as consequências desta crise global para países, governos e suas populações.
O Especial “75 anos do fim da 2ª Guerra Mundial” procura avaliar as causas e consequências deste episódio que mudou o século XX, sem a pretensão de esgotar o tema, mas trazendo uma análise marxista, tal como descreveu Trotsky no “Manifesto da IV Internacional Sobre a Guerra Imperialista e a Revolução Proletária Mundial:”
Em primeiro de novembro de 1914, no início da última guerra imperialista, Lênin escreveu:
“O imperialismo arrisca o destino da cultura europeia. Depois desta guerra, se não triunfam umas quantas revoluções, virão outras guerras; o conto de fadas de ‘uma guerra que acabará com todas as guerras’ não é mais do que isso, um vazio e pernicioso conto de fadas…”.
Operários, recordai essa predição! A guerra atual, a segunda guerra imperialista, não é um acidente; não é consequência da vontade de tal ou qual ditador. Há muito se a previu. É o resultado inexorável das contradições dos interesses capitalistas internacionais. Ao contrário do que afirmam as fábulas oficiais para enganar ao povo, a causa principal da guerra, como de todos os seus outros males sociais (o desemprego, o alto custo de vida, o fascismo, a opressão colonial) é a propriedade privada dos meios de produção e o estado burguês que se apoia neste fundamento.
Neste especial encontramos os seguintes artigos que procuram abranger diversos aspectos que envolvem a 2ª Guerra Mundial:
1. Manifesto da IV Internacional Sobre a Guerra Imperialista e a Revolução Proletária Mundial, Leon Trotsky
2. A Guerra e a Quarta Internacional: Síntese da Resposta Trotskista, Diogo Trindade
3. Os trotskistas e a Resistência na Segunda Guerra Mundial, Ernest Mandel
4. Fascismo: que bicho é esse?, Tatiana Poggi
5. Foi Stalin que derrotou Hitler?, Rui Borges e João Moreira
6. Morrer em Stalingrado, Valerio Arcary
7. O Brasil vai à guerra: o dia em que as Forças Armadas lutaram como antifascistas, Carlos Zacarias de Sena Júnior
8. Integralismo, Fascismo Internacional e II Guerra Mundial, Gilberto Calil
9. A guerra também tem cara de mulher, Genilda Souza
10. As mulheres soviéticas na 2ª Guerra: heroínas esquecidas, Thaiz Senna
11. A condição do negro sob o nazismo, Toni Negro de Castro
12. Três coisas sobre nazifascismo, homossexualidade e repressão sexual, Lucas Brito
Boa leitura!
Comentários