Após muito suspense, o presidente Jair Bolsonaro confirmou neste sábado a presença no debate na TV Bandeirantes, promovido em conjunto com o UOL, a TV Cultura e a Folha de S. Paulo. O debate será realizado no domingo, às 21h. O presidente chegou a anunciar que não iria participar, mas mudou a estratégia, anunciando que “não iria fugir”, e sua assessoria confirmou a participação com a emissora, segundo confirmado pelo portal Metrópoles. O anúncio foi feito somente após a confirmação da ida de Lula, feita no twitter.
Bolsonaro irá acompanhado de dois ministros, de Fábio Wajngarten, chefe da comunicação da campanha; e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha do pai. Segundo a imprensa, a mudança de estratégia seria uma consequência da repercussão da entrevista de Lula no Jornal Nacional. A campanha de Bolsonaro avaliaria que o petista teve um bom desempenho e não quer deixar Lula “jogando sozinho”. Com a ida, pretende tirá-lo de uma “zona de conforto”, o que ocorreria apenas com a presença de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe d’Avila (Novo), e Soraya Thronicke (União Brasil), também convidados(as). Pelo sorteio, Bolsonaro e Lula ficarão lado a lado.
A movimentação é semelhante a de 2018, quando Bolsonaro chegou a ir a debates, na Rede TV e na Band, mas, em função do desempenho fraco, em 22 de agosto anunciou que não iria mais participar. Na sequência, em 6 de setembro, o candidato sofreu um atentado em Juiz de Fora (MG), e, por conta das condições de saúde, esteve ausente dos últimos debates e entrevistas. Da mesma forma, a campanha de Bolsonaro pode agora estar testando, avaliando o desempenho e a repercussão da ida aos debates.
A estratégia, no entanto, é arriscada. Será a primeira vez que enfrentará Lula cara a cara, que demonstrou tranquilidade e segurança na entrevista do JN. Mesmo com o pouco tempo de confronto direto, Bolsonaro não terá a facilidade que teve na entrevista da Globo, onde recorreu a 19 mentiras, e, por conta de um acerto com a emissora, ficou livre de temas espinhosos, como denúncias de corrupção envolvendo familiares.
Lula terá a oportunidade de enfrentar diretamente Bolsonaro, responsabilizando-o pela fome
No debate da Band, Lula terá a oportunidade de enfrentar diretamente Bolsonaro, responsabilizando-o pela situação do país, pela fome, e cobrar respostas sobre casos de corrupção e o esquema do Orçamento secreto. Terá oportunidade de perguntar, por exemplo, sobre as declarações de Bolsonaro, negando que exista fome “de verdade” no Brasil. “Alguém conhece alguém que pede um pão na fila da padaria”, afirmou o presidente, desconhecendo a realidade das ruas. Lula poderá lembrá-lo dos 33 milhões de famintos, mas, por outro lado, também será alvo de fake news e de factóides, ensaiados para gerar conteúdo para as redes sociais.
Estrutura do debate
O debate será dividido em três blocos. No primeiro, serão feitas perguntas sobre programas de governo, de candidato(a) a candidato(a). Nesse bloco, pelo sorteio, a primeira pergunta de Bolsonaro será para Lula. No segundo bloco, jornalistas dos veículos farão perguntas, a candidatos que respondem e aos que comentam. No último bloco, haverá novos confrontos diretos entre as candidaturas.
Em todo o país, a militância de esquerda se organiza e se programa para acompanhar o confronto. Em São Paulo, a Bancada Feminista do PSOL, candidatura a deputada estadual, convoca para assistir juntes ao debate, na Rua João de Barros, 23, na Barra Funda.
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