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MUNDO

A um ano do 18 de outubro, manifestações por todo o país

Raul Devia Ilabaca, Partido Comunes, San Antonio (Chile)
MARTIN BERNETTI / AFP

Manifestante balança bandeira chilena diante de igreja incendiada em Santiago, neste domingo.

Há um ano o Chile despertou, se uniu e saiu às ruas do país para lutar contra um modelo econômico neoliberal; contra o modelo presidencialista de governo; contra o Parlamento bicameral, (Senado e Deputados) no legislativo; contra a discriminação da justiça e do poder judicial que persegue e encarcera os pobres, marginalizados, oprimidos, enquanto protege o grande empresariado, solta seus filhos abusadores, assassinos, e mantém em centros “colônias de férias”, aqueles que cometeram crimes de lesa humanidade durante a ditadura militar por todo o País. Foi contra tudo isso que o Chile se levantou há um ano, um processo que ainda não terminou, e que faz com que a insurreição siga latente na população mobilizada.

A realidade com sua teimosia, mostrou no dia 18 de outubro de 2020 que seguimos nas ruas, que a nossa raiva segue presente, que por mais que nos reprimam, nada detém aqueles e aquelas que lutam com convicção por profundas transformações de nossa sociedade, porque temos clareza que até hoje, a única coisa que conquistamos foi um processo iniciado com mortos, mutilados e milhares de presos. Os que estão nas ruas não trocam a mobilização pelo processo eleitoral, mas o combinam em um proceso superior, a Constituinte, que foi conquistada nas ruas e nas mobilizações, e que sem dúvida seguirá, enfrentando os poderes conservadores e neoliberais, que querem mudar para que tudo fique igual, trocando gato por lebre.

Em uma semana, no dia 25 de outubro de 2020, vamos as urnas para enterrar a Constituição de 1980, herdada da ditadura de Pinochet. Debemos votar pela nova Constituinte, o organismo que fará a nova Constituição, escolhendo entre as alternativas colocadas na cédula. Entre “Convenção Constitucional” e Convencão Mixta”, debemos votar na primeira alternativa, que asegura a paridade de gênero, a eleição de 100% dos seus membros pelo voto universal, com cotas garantidas aos povos originários, e que permite que candidatos independentes (sem partido) concorram a Constituinte.

Debemos seguir lutando nas ruas, para que se dê a essa “Convenção Constitucional”, caso seja aprovada, as prerrogativas de uma verdadeira Assembleia Constituinte, soberana, plurinacional, feminista e popular, que permita ao Chile, não só avançar em medidas progressivas para sua população, mas também construir um país livre, soberano, justo e digno, rumo a uma sociedade socialista.