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MOVIMENTO

Primeira pessoa trans na UEE-SP: sobre a posse da nova diretoria e as tarefas do movimento estudantil paulista

Lucas Marques, de Campinas, SP

Lucas Marques, do Afronte, é a primeira pessoa trans a fazer parte da diretoria da UEE-SP

Nesta quinta-feira (5), ocorrerá a posse da nova diretoria da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), às 18h, na ALESP. É preciso uma entidade forte, à altura dos desafios colocados pela situação política na defesa da educação e dos direitos do conjunto da juventude.

É simultaneamente uma alegria e uma tristeza ser a primeira pessoa trans na diretoria da UEE-SP. Tristeza por saber que isso é reflexo da exclusão e marginalização das pessoas trans, que tem o direito à educação sistematicamente negado, e do próprio atraso político do movimento estudantil em relação ao tema LGBT. Mas é alegria na medida que reflete uma transformação progressiva do movimento estudantil, que tem visto nos últimos anos uma mudança radical na composição de raça e gênero da vanguarda dos processos de luta. Diante do nosso atraso político, é preciso que a UEE se dê a tarefa de elaborar junto às estudantes LGBTs um programa que dê conta de suas especificidades em relação às políticas de acesso e permanência. Precisamos seguir o exemplo da UFABC e batalhar pela implementação das cotas para pessoas trans em todas as universidades do estado.

Os desafios colocados para o movimento estudantil no próximo período são imensos: avança o projeto de desmonte dos governos estadual e federal. A CPI das universidades da ALESP indicou a cobrança de mensalidades nas estaduais paulistas. As reitorias das estaduais vem se posicionando em defesa da autonomia universitária, e é correta e justa a unidade de ação em torno dessa pauta, a exemplo da Assembleia Universitária ocorrida na Unicamp em 15/10, mas o movimento estudantil não pode aceitar que essa defesa venha atrelada à implementação de medidas neoliberais. A aprovação dos fundos patrimoniais e da nova política institucional de inovação da Unicamp [1] demonstram que existe uma enorme diferença de projeto entre as reitorias e o movimento estudantil. Ao contrário de ampliar a presença das empresas nas universidades públicas é preciso ampliar a presença do povo: a defesa das cotas étnico-raciais contra os ataques da extrema-direita e ampliação das políticas de permanência estudantil são centrais para a defesa da universidade pública, e a UEE-SP precisa estar na linha de frente dessa luta!

Para estar a altura dos desafios, a UEE-SP precisa servir como verdadeiro espaço de articulação da frente única do movimento estudantil no estado de São Paulo, precisa voltar a se fazer presente no cotidiano dos estudantes, nos locais de estudo e entidades de base. Precisamos de um movimento estudantil vivo e radicalmente democrático, que combata as práticas burocráticas que só descredibilizam, afastam os estudantes e impedem que nossas entidades gerais sirvam como verdadeiras ferramentas de luta e resistência.

A UEE-SP precisa se reinventar: romper com a lógica burocrática e afastada da base das nossas grandes entidades nos últimos anos e ser reflexo vivo das lutas dos estudantes e da juventude em defesa da educação e contra a política de morte de Bolsonaro e Dória!

[1] https://esquerdaonline.com.br/2019/11/22/unicamp-contra-a-pos-graduacao-paga-as-demissoes-e-o-inove-se-todos-ao-conselho-universitario-no-dia-26-11/

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