Com a aprovação da PEC 241, ou ‘PEC do fim do mundo’ pela Câmara dos Deputados nos últimos dias, os debates e as mobilizações pelo ‘Fora Temer’ voltaram a se acender nos movimentos sociais online e em coletivos e partidos de esquerda que já debatiam os cortes de direito do governo ilegítimo de Michel Temer.
Esta PEC aprovada pelo governo tem uma única função, apertar os cintos no pescoço da população, com uma crescente enorme de desemprego e precarização dos serviços públicos que já carecem há muito tempo de reparos por mais investimentos e melhorias, mas que cada vez mais são tratados como desculpa para a crise econômica do país, deixando em evidência que distribuição de serviços para a população é a última das preocupações dos partidos que só enchem ainda mais os cofres dos bancos. Temos, portanto, um cenário econômico que penaliza a população mais pobre ou classe média, e mantém firme os privilégios dos mais ricos.
Diante disso, a esquerda se reúne por todo o Brasil para voltar às ruas, munida de conhecimento sobre o quanto retrocedemos nos direitos que outrora a população negra, feminina, LGBT lutou para conquistar, ciente de que as medidas que se seguirão têm como alvo a classe trabalhadora e consciente que os únicos agentes de mudança somos nós.
Mas, é preciso mais que isso. Chegamos num momento no qual é crucial descer dos pedestais da academia e partidos políticos para dialogar com a massa da periferia, com as(os) trabalhadores negras(os) e LGBTs que sentirão um peso muito maior dessas medidas e que, infelizmente, não possuem consciência política do cenário atual. É preciso inovar nos métodos de abordagem, falar a língua das massas, fazê-los entender que não se trata de parar o trânsito no horário de pico para prejudicá-los, mas que essa luta também é deles e para eles, para todos nós.
Esse é o momento de nos lembrarmos que a periferia não é só objeto folclórico de rap e grafite para parecermos cool e ‘empoderados’, que ser negro não é apenas quando lhe convir ser cotista, ou usar turbante, que ser LGBT não é apenas falar gírias e frequentar festas. Este é o momento de massificar os movimentos, enegrecer nossos programas políticos, tornar negra, feminina e LGBT a nossa luta contra os golpes da direita.
Mesmos cansados, devemos marchar. Mas, não conseguiremos marchar sozinhos, a luta se faz pela união das massas, das empregadas domésticas, das donas de casa, dos garis, professores e funcionários da limpeza. É hora de nos fazermos entender pelos mais oprimidos, o que Rosa Luxemburgo nos deixou como lição “É preciso autodisciplina interior, maturidade intelectual, seriedade moral, senso de dignidade e de responsabilidade todo um renascimento interior do proletário. Com homens preguiçosos, levianos, egoístas, irrefletidos e indiferentes não se pode realizar o socialismo”.
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