Editorial de 10 de novembro,
Nessa sexta feira (10), haverá uma nova manifestação nacional em todo país convocada pelo movimento “Brasil Metalúrgico” que conta com a adesão do funcionalismo publico e de várias outras categorias e movimentos sociais. No centro da pauta está a luta contra a reforma trabalhista que começará a valer a partir do dia 11 de novembro.
Pela dureza dos ataques aos trabalhadores, o correto seria que o dia 10 se transformasse num ponto de partida da unificação das lutas, de modo a abrir possibilidades para uma segunda onda de mobilizações contra o governo Temer e suas reformas. Dizemos isso porque no primeiro semestre desse ano tivemos uma primeira onda de lutas que se expressou na unidade entre as centrais e movimentos sociais. Unidade que foi capaz de mobilizar milhares nas ruas com manifestações, greve geral e marcha à Brasília. Embora Temer tenha sobrevivido e aprovado ataques pesados contra os trabalhadores, a mobilização unitária do primeiro semestre contribuiu para desgastar o governo e impedir que o governo aprovasse, até esse momento, a reforma da previdência.
O papel das direções do movimento
Indiscutivelmente, a grande responsabilidade da construção de um enfrentamento unitário e de massas contra Temer e seus ataques é das direções majoritárias do movimento de massas. É assim, porque as grandes centrais sindicais como a CUT e Força sindical são aparatos que possuem enorme influencia e capilaridade nos batalhões organizados da classe trabalhadora, especialmente no movimento operário.
Depois da frustrada tentativa de greve geral no dia 30 de junho, não houve mais nenhuma iniciativa de calendário unificado de lutas convocado pelas centrais sindicais majoritárias. A direção da CUT parou de mobilizar para apostar tudo na perspectiva eleitoral de Lula 2018. E a direção da Força Sindical, por sua vez, parou de mobilizar porque apoia o governo Temer e quer negociar o imposto sindical. Ou seja, a direção das duas maiores centrais sindicais do país não tem como prioridade a luta contra o ajuste fiscal e a derrubada do governo.
Mas tudo isso não acontece sem crise e insatisfação na base dessas centrais. Há setores tanto da CUT como da Força Sindical que não concordam com as suas direções. Querem lutar e não aceitam negociar a cabeça dos trabalhadores em troca de projetos eleitorais ou por conta do imposto sindical. É preciso disputar essa base insatisfeita.
Para isso, os setores do movimento sindical combativo, que se organizam na CSP Conlutas, Intersindical ou que não se organizam em nenhuma central, precisam saber dialogar, sem sectarismos, com todos aqueles que querem lutar. Para, desse modo, ajudar a impor de baixo pra cima a unidade do movimento. Acreditamos que esse é o papel mais importante que as combativas direções minoritárias podem cumprir nesse momento.
Temer quer continuar com os ataques. Fortalecer a resistência é uma necessidade
Mesmo impopulares, o governo e sua base aliada no congresso nacional conseguiram aprovar parte significativa das reformas e do ajuste fiscal. A PEC do teto dos gastos, a ampliação das terceirizações, a reforma do ensino médio, a reforma trabalhista, a reforma política e as privatizações são pautas do mercado financeiro e da grande burguesia. Elas avançaram muito bem até agora. Mas os capitalistas querem mais, e estão girando com muito força para atacar o funcionalismo e tentar aprovar uma proposta de reforma da previdência ainda esse ano.
Todo esse processo que envolveu a aprovação de medidas impopulares no congresso nacional, bem como as votações que salvaram Temer e Aécio, desgastaram muitos parlamentares. Agora que estamos mais próximos das eleições do ano que vem, aumentam as dificuldades do governo aprovar algumas das medidas mais impopulares. Mas o mercado segue exigindo a aprovação da reforma da previdência e de outras medidas de austeridade.
Neste momento, temos que aproveitar esses embaraços momentâneos do governo com a sua base aliada e construir um forte dia 10 de novembro nas ruas, e depois dar continuidade às mobilizações. O acampamento Povo Sem Medo em São Bernardo do Campo (SP) é hoje umas das expressões mais importantes de resistência da classe. O funcionalismo federal tem construído uma unidade importante e está convocando uma grande manifestação nacional para o dia 28 de novembro em Brasília. E nos estados tem surgido lutas heróicas da educação, como no Pará e no Rio Grande do Sul. Essas resistências ainda estão dispersas, mas é preciso unificar todos esses processos. Afinal, recompor a unidade do movimento de massas é uma tarefa inadiável. Vamos à luta!
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