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BRASIL

Pesquisa mostra panorama da violência política e eleitoral no Brasil de 2022

da redação
Reprodução

Câmera registra ataque de bolsonarista contra Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR)

Na última segunda-feira, 10, foi divulgada uma pesquisa realizada pela Terra de Direitos e pela Justiça Global, duas organizações sociais de Direitos Humanos, sobre a violência política e eleitoral entre 2020 e 2022. Esse período, correspondente à segunda metade do governo do presidente Jair Bolsonaro, contabilizou uma explosão em casos de violência política, quando comparada com pesquisa anterior.

Um número considerável de casos está concentrado em 2022, que antes mesmo do início do período eleitoral registrou 247 casos, mais do que o ano de 2021 inteiro e com uma média de um caso a cada 26 horas, contra um a cada dois dias no ano anterior. Segundo o levantamento, entre setembro de 2020 e 31 de julho deste ano, foi registrado um assassinato ou atentado contra a vida a cada cinco dias no Brasil, por violência política ou eleitoral, somando 53 assassinatos e 95 atentados.

Gráfico: Relatório Terra de Direitos/Justiça Global.

Em 2018, ano em que Bolsonaro foi eleito, haviam sido registrados 46 casos de violência de cunho político-eleitoral, entre eles casos que ficaram notórios, como o assassinato da vereadora do PSOL carioca Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes e o assassinato do Mestre Moa do Katendê, por um apoiador do então candidato vitorioso no primeiro turno. Em 2019, os casos de violência aumentam em 200%, atingindo a marca de 136 casos de violência, uma pessoa a cada 2 dias, aumentando ainda mais em 2020, ano de início da pandemia de Covid-19, com 151 casos neste ano. Em 2021, se observa uma leve queda em relação a 2020, mas continuando em um patamar alto, com 125 casos registrados. Já em 2022, os casos praticamente dobram em comparação a 2021, com 247 casos (um caso a cada 26 horas) registrados até o dia em que foi realizado o primeiro turno das eleições gerais, dia 2 de outubro de 2022.

A maioria dos casos consistem em ameaças, agressões e ofensas, tendo como alvos principalmente figuras públicas, dirigentes partidários e parlamentares de partidos de esquerda, com destaque para o PT e o PSOL, que representam quase 30% dos casos apurados. Nos anos em que ocorreram eleições, 2020 e 2022, também apresentam um aumento nada ignorável de casos de assassinatos e atentados, novamente tendo como alvos figuras de partidos de esquerda.

Esmagadoramente, a maioria dos casos ocorreu na Região Sudeste, sendo o Estado de São Paulo o líder do ranking, seguido do Rio de Janeiro. Outro dado que merece atenção é o de que mais da metade dos casos de violência atinge candidaturas negras, desproporcionalmente maior considerando que menos de 30% dos cargos políticos são ocupados por pessoas negras. Essa desproporção também atinge a mulheres cis e transexuais, chegando a 47% dos casos, mesmo a representação política das mulheres não atingem nem 20% dos cargos.

É possível, sem muita dificuldade, associar essa escalada de violência ao discurso propagado pelo presidente desde antes de sua eleição. A sua retórica misógina, anti-LGBTI+, racista e anticomunista se traduz em atos de extermínio pelas mãos de seus apoiadores, que, armados até os dentes graças à política de flexibilização da venda de armamentos nos últimos anos, encontram meios para realizar essa política de eliminação física de toda oposição ao governo.

Fonte: terradedireitos.org.br