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BRASIL

A tarefa dos revolucionários é eleger lula no 1º turno!

Gibran Jordão*, do Rio de Janeiro, RJ
Ricardo Stuckert

A entrevista de Lula no JN é um dos momentos históricos da vida política de um país que será lembrado por gerações, a bancada editorial da globo foi derrotada no debate publico em horário nobre. Como também ficou nítido a superioridade política de Lula, se compararmos com o desempenho do chefe de milícia em sua medíocre entrevista.

A simbologia de um ex-sindicalista triunfando sobre o império midiático da Rede Globo e a diferença da localização política de Lula comparada com Sérgio Moro nesse momento, é um impacto político de grande alcance no imaginário da classe trabalhadora brasileira. A memória histórica ajuda a compor a consciência das sociedades. Mesmo com todas as ressalvas que queiramos pontuar, na atual situação difícil da luta de classes e da disputa ideológica, é muito progressivo que a maioria da massa trabalhadora e da juventude não escolha reeleger Bolsonaro. Mais do que isso, que queira colocar no seu lugar, um projeto representado por um nordestino, retirante, ex-operário e dirigente de greves que ajudaram a derrotar a ditadura militar na década de 80.

Sempre lembrando que essa maioria ainda está em disputa e que não está liquidada a fatura, longe disso, tirem o salto alto, os dados estão rolando, o jogo está sendo jogado na disputa eleitoral desse ano. As pesquisas têm mostrado que Bolsonaro vem se recuperando vagarosamente nos últimos meses, eles furaram o sagrado teto de gastos para bancar auxílios com o objetivo de melhorar a popularidade e limpar a barra do governo. Não é fácil calcular o real impacto dessas medidas, somadas a derrubada momentânea do preço da gasolina, as emendas bilionárias do orçamento secreto, do poder de mobilização das “igrejas”, da grana do Agro, da influência das forças de segurança e grupos bolsonaristas nas redes. O que nos obriga a encarar a disputa eleitoral com muita responsabilidade, pois estamos diante de um “mata-mata” histórico.

Lenin precisou escrever a obra “O Esquerdismo doença infantil do comunismo”, não só para polemizar com posições sectárias, mas para deixar ensinamentos. Em especial, sobre a necessidade dos revolucionários serem firmes com o princípio estratégico da revolução socialista, mas, ao mesmo tempo, elaborar e fazer movimentações táticas, à luz da correlação de forças, dos riscos e da importância histórica de determinada disputa. Sonhar, mas comparar o sonho com a realidade, era assim que o mestre procurou ensinar. Trata-se de um esforço para alertar que os socialistas precisam elaborar suas táticas através de análises científicas da realidade, e não encarar sob qualquer ângulo esse tema como um problema de moral revolucionária. Como quem quer provar em algum tribunal imaginário, quem é mais ou menos digno de cantar o hino da internacional…

As táticas são meios para que os revolucionários possam escalar até a sua estratégia, acontece que há aqueles que transforam a tática em política permanente. Como também há aqueles que tratam qualquer tática política, seja excepcional ou não, como um elemento desnecessário para alcançar sua estratégia. Ambos cometem erros, pois se uma organização revolucionária passa a ter como tática única e permanente o trabalho parlamentar institucional, se descola da organização de base da classe trabalhadora, em geral é absorvida e/ou destruída pelo sistema. Ao mesmo tempo, se uma organização revolucionária ignora solenemente a necessidade de aplicar táticas diferentes para momentos diferentes, é o mesmo que almejar ter sucesso em atravessar a forte correnteza, com a roupa do corpo no qual você usa diariamente.

Na atual etapa histórica da luta de classes no Brasil e no mundo, com o recente fortalecimento da extrema direita que resgatou e recolocou elementos neofascistas no debate publico e por toda ameaça que esse obscurantismo representa para a esquerda, em especial para as organizações socialistas. Eleger Lula para derrotar eleitoralmente o neofascismo no Brasil, se impõe como um dever dos revolucionários, tarefa prioritária e uma política tática. Todos nós podemos imaginar o impacto desmoralizante para as fileiras do bolsonarismo uma derrota no primeiro turno, essa possibilidade existe, mas será muito difícil sem uma unidade tática de toda esquerda em torno de Lula. Sem prejuízo para a diferenciação programática, para a crítica pública e para a propaganda do socialismo!

No espectro do que o imaginário social considera como candidaturas de esquerda, além da candidatura de Lula, existem outras três ou quatro candidaturas a presidência. Além de não conseguirem se unificar num mesmo projeto eleitoral primando a total fragmentação, ocupam deliberadamente um espaço marginal na luta política. Não permitindo uma intervenção concreta na realidade, se isolando do dialogo com amplas massas trabalhadoras e tornando o seu próprio programa quase imperceptível, autoexcluindo-se do debate publico. Sendo útil talvez para responder a necessidade de auto-proclamação revolucionária de sua própria militância. Mas é deseducador para gerações de jovens que passam a tratar o socialismo como uma ideia mágica e não como a tarefa histórica mais importante da humanidade, que exige independência, mas também unidades, frentes, acordos e iniciativas políticas que respondam a demanda momentânea da luta de classes.

Portanto, eleger Lula é tático! O socialismo é a estratégia. Assim, num enfrentamento contra o neofascismo, negar a unidade tática eleitoral com a esquerda moderada liderada pelo PT, em nome de um pretenso socialismo ainda incompreensível para a ampla massa como tarefa imediata. Significa transformar a luta pela revolução numa tarefa abstrata… Eleger Lula no primeiro turno é a tarefa imediata dos revolucionários nesse momento, e em caso de sucesso, podemos abrir possibilidades de uma melhor correlação de forças na luta de classes para o avanço das ideias socialistas no Brasil.

*Membro da direção nacional da Resistência-PSOL
Marcado como:
eleições 2022 / lula