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BRASIL

Temer telefona para Bolsonaro, depois de rir de piada

da redação

Michel Temer telefonou nesta terça-feira, 14, para o presidente Jair Bolsonaro, após a divulgação de um vídeo de um jantar com empresários, no qual o humorista André Marinho imitava o presidente. Segundo a jornalista Mônica Bergamo, Temer teria ligado preocupado com a possibilidade de intrigas e também porque o humorista é filho de Paulo Marinho, empresário que participou da campanha de 2018 – é suplente do senador Flavio Bolsonaro – mas que rompeu com a família e o governo. Bolsonaro teria colocado ‘panos quentes’ na situação. “Não esquenta a cabeça”, teria dito.

A diplomacia de Temer prosseguiu, com um relato sobre o encontro, explicando que outros políticos também foram imitados e que a brincadeira não se concentrou no presidente, que ninguém estava “tirando sarro” dele, ao contrário do que indicavam reportagens da imprensa.

O episódio mostra a estreita relação do chamado Centrão e do andar de cima com o bolsonarismo. Temer, ao se explicar, busca consolidar o papel de mediador, que cumpriu na semana passada, após a enorme crise política aberta pelos atos golpistas e pelos ataques do presidente ao STF. Como uma das principais figuras do capital, articulador do golpe que permitiu a chegada do neofascismo ao poder, Temer insiste em uma pseudo-diplomacia, que nada mais faz do que evitar a reação e permitir o próximo ataque fascista. Até mesmo este telefonema será usado como trunfo pelo bolsonarismo, para tranquilizar a sua base nas redes sociais, decepcionada com o “recuo” tático e a carta às instituições.

Em nome dos seus privilégios, largamente comemorados nas piadas homofóbicas e racistas saboreadas no jantar da mansão de Naji Nahas, a burguesia que promoveu o golpe de 2016 tolera o bolsonarismo, mas ri de seus modos indesejados e imagina-o dependente de sua diplomacia. Da mesma forma que os nobres portugueses, em seus jantares, devem ter se divertido comentando os modos agressivos e pouco civilizados dos bandeirantes. Por seu, lado, Bolsonaro o acalma e diz que está tudo bem, enquanto afia as armas para o próximo lance. Tanto ele como Temer sabem que a carta foi apenas um recuo tático, e que a escalada golpista não irá parar.

VÍDEO | Assista ao trecho em que André Marinho imita Bolsonaro