O chamado Centrão reúne deputados sedentos por vender apoios em troca de cargos. Eles já estão na campanha de Bolsonaro, que vive falando em vai acabar com o balcão de negócios no Congresso.
O grupo é muito antigo, existe desde os anos 80. Reúne mais de 200 deputados de vários partidos, mas o principal é o PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha. O deputado Cunha foi por muitos anos líder do grupo e articulava a a nomeação de cargos públicos em troca de apoio ao governo. Este é o coração do mecanismo da corrupção no país. Mensalão, Petrolão, todos os escândalos tem o Centrão como protagonista. Depois de ser presidente da Câmara dos Deputados durante o impeachment de Dilma, Cunha foi preso por corrupção.
O Centrão estava na campanha de Alckmin, mas como esta candidatura faliu, agora são Bolsonaro. Isso não seria uma contradição, já que Bolsonaro seria alguém de “fora da política” disposto a “mudar tudo que está aí” e perseguir os corruptos? Na verdade, não.
Bolsonaro foi durante muitos anos do PP, partido do Centrão. Sempre teve boa circulação entre os deputados do grupo. Inclusive tinha intimidade com Eduardo Cunha. Em entrevista no programa Roda Viva, Bolsonaro disse que “queria estar mais perto dele” e que “não sabia que ele tinha problema”.
O presidenciável do PSL apoiou o candidato de Cunha para governador do Rio de Janeiro em 2014, Luiz Fernando Pezão. Com Pezão, o estado entrou em crise econômica e os escândalos de corrupção se multiplicaram. Pezão é afilhado político de Sérgio Cabral, preso em função das investigações da Lava-Jato.
Em defesa dos ricos e poderosos
Mas o que une o militar que diz que vai acabar com a corrupção e o grupo dos deputados mais sujos que pau de galinheiro? Retirar direitos dos trabalhadores e aumentar os lucros dos ricos. Bolsonaro já tem o apoio dos banqueiros depois de nomear Paulo Guedes, fundador do BTG Pactual, como conselheiro na área de economia. Recentemente ganhou o apoio da bancada ruralista, que tem entre seus interesses a proteção de patrões que colocam seus trabalhadores em condições de escravidão.
Neste segundo turno, a grande maioria dos ricos e poderosos vão apoiar Bolsonaro. Eles querem ter seus interesses garantidos, querem que Bolsonaro continue o trabalho de Michel Temer. Como o Centrão sempre defendeu este interesses, também entrou na campanha do capitão do Exército. O problema é como ele vai explicar estes apoios e ainda se vender como defensor do povo e a renovação na política.
Foto: Lula Marques
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