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EDITORIAL

Primeiro desafio do novo ano: barrar a Reforma da Previdência

13/12/2017- Trabalhadores na Volkswagen, em São Bernardo do Campo/SP, realizam ato contra a Reforma da Previdência na Rodovia Anchieta. Foto: Edu Guimarães/SMABC

Editorial 18 de dezembro,

Sem os 308 votos necessários para a aprovação, o governo resolveu adiar a data de votação da Reforma da Previdência. Na quinta-feira (14), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), anunciou que a votação da medida ficará para 19 de fevereiro. Com a proximidade das eleições, as divisões e crises na base governista se intensificaram, de modo que Temer não conseguiu apoio parlamentar suficiente.

Trata-se de uma vitória momentânea da classe trabalhadora. A ampla rejeição popular à reforma e as lutas de resistência ao longo do ano foram um fator de pressão sobre deputados e senadores, dificultando a formação de uma maioria para a aprovação da medida.

Entretanto, a partida não terminou. O governo levou o jogo para a prorrogação. A pressão dos grandes empresários e banqueiros é enorme. Há uma forte e mentirosa campanha midiática a favor da reforma. Os ricos e poderosos não vão tirar férias. Afinal, a obsessão da burguesia é acabar com o direito à aposentadoria, para desse modo lucrar ainda mais às custas dos trabalhadores.

Por isso, o time do povo precisa estar atento. É necessário, desde já, preparar a luta para o início de 2018. Não temos tempo para perder. Os inimigos estão articulados e mentem descaradamente para enganar a população. É hora de concentrar forças nesta batalha crucial.

A Argentina mostra o caminho
O povo argentino está sofrendo da mesma ameaça. O presidente Macri pretende aprovar lá uma reforma da aposentadoria semelhante à de Temer aqui. Mas a resistência dos “hermanos” impôs uma derrota ao governo da direita. Na quinta-feira (14), uma gigantesca manifestação conseguiu impedir a votação da medida na Câmara dos Deputados. Mesmo com o Congresso sitiado por três mil policiais, os trabalhadores argentinos enfrentaram a repressão e saíram de lá com uma vitória parcial.

Assim como Michel Temer, o governo Macri ainda não desistiu da Reforma da Previdência. Mas a heroica resistência dos argentinos serve como um exemplo para a nossa luta no Brasil. Com a luta unificada dos trabalhadores, é possível para barrar a reforma.

Por uma greve nacional em fevereiro
Não é hora de vacilação. Está em jogo o direito à aposentadoria de dezenas milhões de mães e pais de família. As centrais, sindicatos e movimentos sociais precisam construir um calendário unificado de mobilização que culmine num dia nacional de greve antes da votação em fevereiro. É preciso repetir o que fizemos na greve geral de 28 de abril deste ano.

Neste momento decisivo, a CUT, Força Sindical, UGT, entre outras centrais, não podem recuar da luta, como fizeram desmarcando a greve de 05 de dezembro. Se fizerem isto novamente, estarão traindo abertamente a classe trabalhadora. E não bastam declarações retóricas. É necessário iniciar as mobilizações na base em janeiro.

A CSP-Conlutas, o MTST e as Intersindicais devem propor e insistir junto às direções das centrais que se marque e prepare uma nova greve nacional para antes da votação. Não temos tempo para esperar.

Lula e o PT precisam chamar a luta
Nos palanques Brasil afora, Lula sempre fala contra a Reforma da Previdência de Temer. O PT também se coloca contra a proposta. Pois bem, chegou a hora de transformar palavras em ação. Não podemos esperar as eleições de 2018, pois até lá a reforma poderá ter sido aprovada. Se Lula e o PT estão realmente comprometidos em barrar essa medida, precisam imediatamente convocar a mobilização popular.

Foto: Edu Guimarães/SMABC