Sexta tem negociação com a Fenaban
Por Juliana Donato, de São Paulo
Na última terça-feira (06/09), primeiro dia da greve dos bancários, milhares de locais de trabalho em todo o país foram paralisados. No final do dia, a Federação Nacional dos Bancos (FENABAN) convocou os sindicatos para uma negociação na sexta-feira (09/09). Até o momento, a proposta dos banqueiros é um reajuste de 6,5%, o que representaria uma perda salarial para os bancários de cerca de 2,8%. Além disso, os bancos não aceitaram nenhuma das propostas para melhorar as condições de trabalho e garantir empregos para os bancários.
A greve no primeiro dia foi forte. Nos edifícios dos bancos públicos, onde trabalham milhares de bancários, pouquíssimos entraram para trabalhar. Um número expressivo de agências pelo país ficaram fechadas. Alguns setores, que não aderiram às greves nos últimos anos, neste ano resolveram aderir. Mas ainda há muitos problemas, como, por exemplo, agências fechadas com bancários trabalhando em seu interior. Além disso, o Banco do Brasil, por exemplo, montou diversos locais de contingência para garantir o andamento de alguns serviços.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT) divulgou que esta é maior greve da história da categoria bancária. Não achamos que seja assim. A CONTRAF mede a greve pelo número de agências fechadas e não pelo número de bancários que aderem ao movimento. Achamos muito importante ter seriedade na avaliação do movimento e dizer a verdade para a categoria. Parece-nos uma greve forte, mas não a mais forte de nossa história, até porque foi mal preparada.
Mas os limites desta greve podem e devem ser superados. Para isso, o principal desafio é garantir, além da adesão, uma participação ativa dos bancários e bancárias. As assembleias devem ser para discussão e votação de propostas, que venham da base, para aumentar a adesão ao movimento. É preciso ter um calendário de atividades que envolva a categoria, seja em cada local de trabalho, seja passeatas de toda a categoria. É importante, ainda, ter ações unitárias com os trabalhadores dos correios e petroleiros, que também estão em período de campanha salarial. Os trabalhadores dos Correios já têm indicativo de greve marcado para o dia 14/09. Precisamos marcar ações unitárias para o dia 15/09
Fenaban chama para negociação e sindicatos convocam assembleia para segunda (12/09)
Na tarde de terça-feira (06/09), primeiro dia da greve, a FENABAN convocou uma negociação com os sindicatos, que deve acontecer na sexta-feira, dia 09. Assembleias para avaliar a possível proposta dos bancos já estão marcadas para segunda-feira, dia 12. Não tem sido uma prática comum da FENABAN chamar negociações já no primeiro dia da greve. Esperamos que seja uma boa proposta, que atenda às nossas reivindicações, mas não temos motivos para acreditar na boa vontade dos banqueiros. O mais provável é que venha uma proposta rebaixada.
Já se nota na categoria uma desconfiança muito grande de que os sindicatos, cuja maioria é dirigida pela CUT e CTB, podem sinalizar para a aceitação da proposta, mesmo que rebaixada, propondo o fim da greve. A desconfiança dos bancários tem fundamentos. Nos últimos anos, muitas propostas rebaixadas foram aceitas pelos representantes da CONTRAF, em momentos em que a categoria tinha condições de permanecer em greve e arrancar mais. No entanto, ao subordinarem os interesses da categoria à preservação dos governos de Lula e Dilma, eles preferiam enterrar o movimento grevista. Mas, e agora, com Temer? Essas direções continuarão poupando os banqueiros e o governo?
Queremos, além do reajuste salarial acima da inflação, que os bancos atendam a outras importantes reivindicações. O Banco do Brasil precisa se responsabilizar pelo déficit da CASSI, Caixa de Assistência dos Funcionários, e pelo pagamento do vale refeição das mulheres em licença maternidade. Na Caixa, é preciso garantir mais contratações, suspensão das reestruturações e mudança no RH 184, que extingue a Função Gratificada de Caixa e dificulta a incorporação da Função Gratificada após 10 anos de exercício. Nos bancos privados, é preciso garantir a estabilidade no emprego, pois estão demitindo milhares de funcionários.
A única forma de garantir que não seja aprovada uma proposta rebaixada é lotando as assembleias de segunda-feira para que a voz das bancárias e bancários seja ouvida. A greve não é das direções sindicais e não pode ser decidida por elas.
A greve dos bancários e a luta contra Temer
Na mesma semana em que se iniciou a greve dos bancários, Temer, recém-empossado após uma manobra parlamentar reacionária, reafirmou seu compromisso com o ajuste fiscal e contra os trabalhadores. Temer comprometeu-se a enviar a Reforma da Previdência para votação na Câmara dos Deputados ainda neste mês. Essa Reforma, se aprovada, será um ataque pesado sobre os trabalhadores e trabalhadoras, assim como a PEC 241, que estabelece o teto de gastos públicos, entre outras medidas. Por tudo isso, achamos importante que os bancários em greve coloquem sua luta a serviço de derrotar este governo. Estão acontecendo pelo país grandes atos pelo Fora Temer. Os bancários em greve devem somar suas forças aos demais trabalhadores para derrotar Michel Temer e este congresso de corruptos e inimigos dos trabalhadores.
Foto Rodrigo Claudio/Esquerda Online
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