A pressão popular e jurídica internacional continua a aumentar para que Israel ponha fim ao genocídio dos palestinos. Mas os governos de Israel e dos EUA estão tentando desviar da exigência de responsabilização e continuar a massacrar os palestinos por todos os meios necessários.
Na sexta-feira, 26 de janeiro, a Corte Internacional de Justiça considerou que a África do Sul apresentou um argumento plausível de que Israel está cometendo genocídio contra os palestinos, e exigiu que o governo israelense faça tudo o que estiver ao seu alcance para evitar atos de genocídio e permitir a entrada imediata de ajuda humanitária em Gaza.
Poucas horas depois, o governo Biden anunciou que, em vez disso, estava cortando o financiamento para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). Foi rapidamente seguido pela Alemanha, Canadá, Reino Unido e mais de uma dúzia de outros países ocidentais.
A UNRWA detém todo o mandato da ONU para servir os refugiados palestinos e é atualmente o maior provedor individual de assistência humanitária a Gaza. A posição da agência é particularmente crucial porque o cerco contínuo de Israel a Gaza restringe muitas outras agências de ajuda de cruzar a fronteira.
Mais de 700.000 pessoas em Gaza enfrentam atualmente doenças com risco de vida – que são tratáveis com ajuda médica. Toda a população de 2,3 milhões de Gaza, mais da metade dos quais são crianças, enfrenta o risco de fome. Essas ameaças estão em cascata: por exemplo, a falta de água potável e de atenção médica levará a níveis de crise as mortes evitáveis por diarreia e doenças transmitidas pela água.
Como resultado disso, a Organização Mundial da Saúde afirmou que ainda mais palestinos poderiam morrer de fome e de doenças do que foram mortos pela guerra até agora – marcando mais uma etapa do genocídio de Israel, conduzido com o apoio dos EUA e das nações ocidentais.
As acusações dúbias contra a UNRWA
Ao fazer esses cortes repentinos, os EUA e mais de uma dúzia de outros países ocidentais citaram as alegações dos militares israelenses de que 13 funcionários da UNRWA podem ter participado dos ataques do Hamas em 7 de outubro. Essas alegações foram tornadas públicas na sexta-feira, quando a mídia deveria cobrir dois casos judiciais distintos acusando Israel de genocídio e os EUA de cumplicidade. Há vários problemas com as acusações contra a UNRWA.
- O governo israelense tenta sabotar a UNRWA há décadas, acusando-a recentemente de “perpetuar o problema dos refugiados”, em outras palavras, manter os palestinos vivos.
- O Estado israelense tem uma longa história de fazer afirmações falsas para desviar a atenção da mídia de seus crimes contra os palestinos.
- Nenhuma das provas contra os 13 funcionários da UNRWA foi tornada pública. Os militares israelenses já mudaram sua história em torno de como obtiveram suas provas para essas alegações mais recentes contra os 13 funcionários. E a CNN noticiou que as alegações são até agora infundadas.
- Acusações contra 13 funcionários da UNRWA, 0,0004% de sua força de trabalho total, dificilmente incriminam toda a organização a ponto de cortar imediatamente seu financiamento. Por outro lado, pelo menos 153 trabalhadores da UNRWA foram mortos em Gaza pelo exército israelense nos últimos meses – um crime de guerra, ao qual o governo dos EUA ainda não respondeu.
- O governo Biden se recusa a sequer impor condições aos bilhões de dólares em armas e ajuda ao Estado e às forças armadas israelenses – apesar das imensas provas em tribunais internacionais de que Israel está cometendo genocídio.
Punição coletiva de palestinos é crime de guerra
A UNRWA não tem reservas financeiras. Há anos que está cronicamente subfinanciada e sob imensa pressão, uma vez que os bombardeios israelenses deslocaram internamente quase toda a população de Gaza. Se os EUA e outras nações se recusarem a restabelecer seu financiamento, o orçamento da UNRWA pode se esgotar já no próximo mês, colocando milhões de palestinos em grave risco de morte por doenças e fome.
Cortar esta ajuda que salva vidas equivale a uma punição coletiva dos palestinos, o que é um crime de guerra. E ressalta a hipocrisia do governo Biden. Desde outubro, reitera a preocupação com a situação humanitária em Gaza, enquanto continua a financiar a campanha militar israelense que está criando essas condições de devastação.
Neste momento, a UNRWA é o que de mais importante que está entre a fome e a doença mortal para mais de um milhão de pessoas. E o corte de financiamento dos EUA é exatamente o que parece cumplicidade em um genocídio.
Original Defunding UNRWA is another heinous act of genocide
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