O feriado da Proclamação da República, 15/11, foi marcado por atos antidemocráticos em várias cidades brasileiras. Com cartazes com “SOS Forças Armadas” e cânticos como “Forças Armadas salvem o Brasil”, milhares de pessoas saíram às ruas para exigir que os militares anulem as eleições e impeçam a posse de Lula em 1 de Janeiro de 2023.
As ações mais marcantes aconteceram no Quartel-General do Exército (Brasília), Comando Militar do Leste (RJ), Comando Militar do Sudeste (São Paulo) e no Comando Militar do Sul (Rio Grande do Sul), mas também em Resende (RJ) onde fica a Academia Militar das Agulhas Negras e na Base Aérea Naval São Pedro da Aldeia (RJ). Um verdadeiro “cerco” à elite das nossas forças armadas foi realizado no dia de ontem.
Muitas dúvidas surgiram nas redes sociais no dia de ontem sobre a extensão e consequências da movimentação do feriado. Existe a possibilidade de um golpe militar? Lula tomará posse? É uma ação isolada que não dará em nada? O tempo presente nos exige antes de minimizar ou se apavorar perante as movimentações da extrema direita, compreender o que está acontecendo.
Qual o caráter da ação no feriado?
A movimentação de ontem é uma ação coordenada e parte de uma estratégia de provocar uma intervenção militar. Desde a semana seguinte ao fim do pleito eleitoral, setores da extrema direita estão acampados na frente de quartéis em vários pontos do país denunciando uma suposta fraude eleitoral e apelando ao exército que promova uma intervenção.
Por isso, é preciso dizer com todas as letras que trata-se de movimento golpista que ataca o sistema eleitoral e as liberdades democráticas. Não é dever das forças armadas tutelar o regime institucional do nosso país e tampouco ser um poder moderador perante conflito entre os poderes.
Existe perigo imediato de Golpe de Estado?
Não existe perigo imediato de um golpe de Estado em nosso país. Os setores que estão agindo nesse momento são o que existe de pior no neofascismo brasileiro: autoritários, militaristas e antidemocráticos. Mas apesar de barulhentos são uma minoria isolada na sociedade.
A maioria das frações da classe dominantes aceitaram a vitória de Lula. Os chefes dos poderes legislativo e judiciário também chancelaram o pleito. E organizações internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) também reconheceram a validade das nossas eleições, assim como a eleição do petista.
Mas devemos ficar em alerta
A história do Brasil não nos permite ter ilusões nas intenções democráticas das frações da classe dominante. Aliás, a memória recente nos lembra que em 2016 o regime democrático liberal foi duramente atacado por um golpe parlamentar que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e abriu caminho para situação reacionária marcada pela prisão de Lula, retirada de direitos sociais e a eleição de Bolsonaro.
O nosso país também é marcado pela prática golpista das Forças Armadas, a história ensina que o apreço pela democracia não é uma prerrogativa dos militares. Não por outra razão os generais apoiam as ações golpistas em frente aos quartéis como já analisamos aqui no portal esquerda online e, mais que isso, estão prevaricando ao permitir acampamentos em região militar.
Golpistas devem ser investigados e punidos
É preciso combater as manifestações golpistas em todas as frentes. Não podemos deixar que essa minoria se fortaleça e amplie seu poder de ação. Os atentados a democracia a luz do dia precisam receber o rigor da lei com uma profunda investigação que apresente os líderes e financiadores, punindo com rigor todos os envolvidos. Atos golpistas não podem ser tolerados.
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