EDITORIAL 20 DE DEZEMBRO | Nas redes sociais, nas conversas de elevador, nos pontos de ônibus, ou esperando o metrô, o assunto é o mesmo: acaba logo, 2016. Não é à toa que essa seja a expectativa de boa parte do povo.
Ano 2016: 20 anos em um
Nesse ano aconteceram muitas coisas. Uma delas foi Temer ter virado presidente a partir de um golpe parlamentar e, ajudado pelo Congresso Nacional, aprovado o congelamento do Brasil por 20 anos com a PEC do Fim do Mundo. Não satisfeitos, a Reforma da Previdência já está em tramitação. Na prática, querem fazer com que trabalhemos até morrer e sem nenhum direito social. De fato, 2016 é o ano que durará 20 anos, no mínimo. Os planos de Temer e da burguesia brasileira já estão bem definidos. Querem retirar direitos históricos que foram conquistados nas lutas da classe trabalhadora no final dos anos 70 e nos anos 80. Primeiro, foi a PEC 55. Agora, eles vêm com tudo com a Reforma da Previdência, depois, com a flexibilização da CLT, privatizações. Querem impor o retrocesso.
A vida não está melhorando
Apesar da aplicação das medidas de ajuste, Temer não foi capaz de apresentar qualquer horizonte para a recuperação econômica do país. Pelo contrário, o governo está assistindo ao fechamento do 3º ano consecutivo de recessão econômica. Segundo o Datafolha, em julho, 38% achavam que a economia ia melhorar. Agora, o índice despencou para 28%.
Esse fator, combinado com a sequência de escândalos envolvendo o governo, além dos atritos institucionais entre legislativo e judiciário, desnudam uma verdade inconveniente: Temer não é capaz de fechar a crise política brasileira.
Por isso, Temer vai cair? Ao menos até agora, mesmo com toda a crise, as votações no Congresso Nacional demonstraram que a burguesia segue unida em torno dos seus planos de ajuste e com Temer à sua frente. Ao menos por enquanto, são apenas turbulências, que, sozinhas, não são suficientes para derrubar um avião, apesar de tornar o voo extremamente desconfortável.
É necessário preparar a queda de Temer pelas mãos do povo trabalhador, por meio de sua ação independente. Só o povo pode decidir. Fora Temer! Eleições Gerais Já!
Vejam a combinação: governo ilegítimo fruto de um golpe parlamentar; o Congresso Nacional comprado por empresários, cheio de corruptos e reacionários contra os desejos e liberdades do povo; o Judiciário após tomar um tônico de superpoderes, agindo de forma seletiva e bonapartista. Esse é o “trio” que está comandando o país e aplicando medidas que transformam profundamente nossos contornos políticos e sociais.
Eles não têm legitimidade para conduzir o país nessa crise. É preciso que a juventude e o conjunto do povo trabalhador tenham o direito de ter suas vozes ouvidas. A pesquisa do Datafolha revelou que em julho, 31% achavam o governo Temer ruim, ou péssimo. Agora, são 51%. Aqueles que veem o governo como regular eram 42% em julho. Agora, são 34%. Ótimo, ou bom eram 14%. Agora, são 10%.
Precisamos de uma saída que garanta o direito democrático do povo decidir sobre as medidas de ajuste e a própria continuidade do governo. É urgente a convocação de novas eleições gerais para a Presidência e o Congresso Nacional. Por que não ouvir o povo e saber sua opinião?
Expandir a resistência, unificar as forças democráticas e de esquerda e construir um plebiscito popular, já!
Nesse ano, além das medidas do governo, do lado de cá também vimos importantes demonstrações de coragem para resistir. O recente levante estudantil em ocupações de mais de mil instituições de educação, a greve dos trabalhadores da educação federal e as datas unificadas de luta convocadas pelas centrais sindicais, entidades e movimentos sociais são expressão de que há focos de resistência pelo país.
Entretanto, sozinhas e desarticuladas as lutas dessas categorias e setores da sociedade não são suficientes para barrar o plano de ataques e acabar com o governo Temer e com o mandato dos corruptos e reacionários do Congresso Nacional. É preciso mais.
É necessária a constituição de uma ampla frente única para derrotar Temer e o Congresso. E a tarefa dessa frente, em primeira ordem, é a de disputar a consciência e mobilizar o povo trabalhador, dialogando com milhões. Só com o povo consciente e em ação será possível dar uma saída para a crise.
Para cumprir esse objetivo, o instrumento nesse momento é a realização de um grande plebiscito popular, para que o povo possa decidir sobre as medidas de ajuste (PEC 55, Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e etc), mas também sobre novas eleições gerais para presidente e o Congresso. Esse plebiscito deve ser organizado por uma ampla frente única que reúna movimentos sociais, entidades sindicais, ativistas das ocupações e greves, coletivos, partido políticos de esquerda e todos que defendam o direito democrático de expressão da vontade da maioria do povo.
Diferente da frente ampla defendida pelo PT e pelas forças do Lulismo, achamos que a tarefa que melhor unifica os movimentos de resistência se pauta pela mobilização da classe trabalhadora contra os ataques aos direitos e que afirme uma saída nas eleições, independente, sem incorrer nos mesmos erros do passado. Essa saída independente seria em nossa opinião uma frente de esquerda socialista encabeçada pelo PSOL e MTST, conjuntamente com o PSTU, PCB e os movimentos sociais combativos.
Já vimos onde chegam os governos de conciliação de classe. Precisamos de mais! Reunir o espírito da resistência e unidade, aprender com os erros e olhar para o futuro confiando apenas na força da classe trabalhadora. Avançar! Esse é nosso desejo para 2017.
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