O coletivo Máfia das Minas, de Mauá, realiza batalhas de conhecimento e saraus. Na noite deste domingo, 10/04, fizemos um evento na Cedeca de Sapopemba, em parceria com a Libertas. Na volta para a cidade de Mauá, na estação Sapopemba, ocorreu um episódio de agressão e preconceito.
Estávamos, nós do coletivo, e mais três amigos na estação do metrô. Julia Mendes, que integra o coletivo, e seu amigo Renato foram ao banheiro – perto da entrada do banheiro, Renato vai para o lado do masculino e Julia na direção do banheiro feminino, quando duas funcionárias da limpeza confundem Julia com um menino e a alerta, chamando várias e várias vezes, avisando que ali não é o seu banheiro. Julia olha para trás fazendo contato visual para elas para entenderem que ela está ciente de qual banheiro está entrando. Mesmo após o sinal que foi dado, as funcionárias, por não entenderem a mensagem, comunicam a segurança da estação, que entra no banheiro de forma brutal, socando a porta diversas vezes até conseguir arrombá-la e encontrar Julia utilizando o banheiro, em um situação totalmente constrangedora.
Mesmo depois de verem o erro, que não era a situação passada para eles, gritam com a Julia com ela ainda dentro da cabine do banheiro. Ao escutar os murros na porta e os gritos, Renato, no banheiro masculino do outro lado corre imediatamente para avisar que ela é uma mulher exercendo seu direito de usar o banheiro e mais uma vez o segurança o ameça falando: “você não é o machão, vamo vê lá fora sem o uniforme”, não contente com toda a situação, o mesmo agride outra integrante do coletivo Maria Luiza com um tapa na cara, por estar filmando todo o escândalo que estava acontecendo, e ameaça as demais companheiras que estavam juntas.
Essa é apenas mais uma situação que eu presenciei de violência contra a Julia Mendes. Há um tempo atrás eu e ela voltávamos de um evento que aconteceu próximo ao centro de Mauá, e um homem entendeu que nós éramos um casal e simplesmente deu um murro em suas costas. Estou aqui fazendo essa denúncia pois os corpos de mulheres lésbicas são o tempo todo invadidos e invalidados, isso é um absurdo e infelizmente naturalizado, quantas mulheres já não passaram por isso? E o que aconteceu? Nada.
Além de tudo, ao decorrer da espera dos seguranças do local, eles ainda tentaram comparar com um cara que já esteve ali assediando outras mulheres no banheiro para aliviar a situação do amiguinho deles, agora eu te pergunto: “O que é ser uma mulher em 2022?”. Até quando mulheres que não performam feminilidade vão passar por isso? Essa é só uma situação, que foi filmada a tempo. E quantas outras já não passaram por isso?
Nessa quinta-feira, 14, às 18h, em frente ao metrô Sapopemba faremos um ato em repúdio a essa agressão homofóbica. A máfia é resistência e não veio para entrar nos padrões impostos por vocês!
*Integrante do coletivo Máfia das Minas.
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