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MOVIMENTO

Derrota do bolsonarismo: a unidade como ferramenta para frear o genocídio

Wellignton Porto*, de Porto Alegre, RS

Ato no dia 29 de maio, em Porto Alegre

Desde a eleição do Bolsonaro, ficou nítido que teríamos ao longo dos anos, retrocessos e ataques à nossa educação, à ciência, ao SUS, ao serviço público, à população negra e periférica. Com a chegada da pandemia em 2020, e logo em seguida das vacinas, o Bolsonaro vem atacando o direito à vida dos brasileiro. Com o negacionismo, recusa a compra de vacinas e pronunciamentos evidenciando sua tremenda ignorância e imoralidade.

Quando chamamos o Bolsonaro de genocida, não estamos fazendo deste chamado um fato político para promoção pessoal de nossos partidos, mas sim, pelo fato de termos hoje no país mais de 470 mil mortes em virtude de uma doença que já tem vacina. Vivemos hoje, um retrocesso político, que agrava as desigualdades sociais, através de ataques ao SUS, cortes nas universidades federais, falta de um auxílio digno, aumento da militarização da política, aumento do desemprego e da inflação, que faz com que tudo fique mais caro, abrindo um cenário triste de insegurança alimentar. Mas nada disso é surpresa, sempre fez parte de um projeto.

O atual presidente sempre representou esse projeto de desmonte e morte, desde a época em que era deputado, e um exemplo disso foi o voto contrário à PEC das Domésticas. Hoje, os ataques estão custando a VIDA dos brasileiros e, portanto, é mais do que na hora de radicalizar nossas ações e tomar novamente as ruas para exigir o FORA BOLSONARO. Compreendemos a importância do isolamento social para o controle da pandemia, ainda assim, estamos na iminência de fechamento de universidades e institutos federais que estão sem verbas para atravessar o ano, bem como cortes de pesquisa, além do aceleramento dos desmontes como a reforma administrativa, impedindo a reação da população. Além disso, a negligência diante da pandemia, a falta de vacinas, de auxílio emergencial digno e o colapso na saúde, intensificaram a nossa necessidade de ir às ruas.

Para tanto, é necessário fazermos algumas reflexões sobre a necessidade de se organizar politicamente para traçar ações conjuntas para frear o genocídio, derrotar o Bolsonaro e todo esse projeto de devastação que este desgoverno representa. É fundamental pensarmos também, em como disputar essa narrativa de defesa da vida, da saúde, da educação, do auxílio digno, com aqueles que estão à margem da pobreza, em sua maioria a população negra.

Com essa urgência da derrota do bolsonarismo e da necessidade de uma auto-organização, é possível perceber os inúmeros coletivos políticos, entidades representativas, movimentos e frentes que existem e que atuam hoje, para um objetivo comum: FORA BOLSONARO. Contudo, algumas diferenças de programa, de pensamentos e acúmulos políticos entre estes grupos causam alguns impasses para a consolidação de uma frente única unificada de enfrentamento ao bolsonarismo. No entanto, não podemos deixar que a direita se aproveite do sectarismo de algumas correntes políticas, para se unir e fortalecer cada vez mais, com isso, o avanço do debate da unidade se torna prioridade para a derrota do bolsonarismo e do neofascismo. E só conseguimos essa saída de forma coletiva e unificada, frente a esse inimigo comum.

No último 13 de maio, milhares de militantes do movimento negro foram as ruas em todo Brasil para denunciar o genocídio da população negra, ato chamado em resposta a chacina na favela do Jacarezinho no Rio de Janeiro, que vitimou 28 corpos negros e favelados. Toda construção do ato foi conduzida pela Coalizão Negra por Direitos e articulada com quase todas as representações negras. Em Porto Alegre, tivemos uma importante mobilização para denúncia do genocídio e para pontapé do debate da unidade em Porto Alegre.

Notadamente, o 29M foi um dos maiores atos de rua dos últimos anos. O Afronte, coletivo no qual faço parte, esteve presente em todos os espaços de articulação do mesmo, defendendo a necessidade da unidade em Porto Alegre, para um ato de fato massivo. E foram diversos os encontros virtuais, debates, trocas de farpas para construção de um ato de fato unificado. E lá, estávamos nós, com nossa bateria, com nossas bandeiras e militantes, repercutindo nas ruas de Porto Alegre através de centenas de pessoas que nos acompanhavam, nossas palavras de ordem “Vida, Pão, Vacina, Educação e para completar o Bolsonaro na prisão”

E mesmo com estas articulações unificadas, temos ainda que ver cenas deploráveis por parte de entidades e coletivos disputando espaço e protagonismo. Fato este, que historicamente dificulta a relação e atuação do ME, e que reflete nas tentativas de construção  unitária. Vale ressaltar, que muitos desses coletivos e entidades tem um longo histórico de mobilizações que atravessam por anos, e mesmo com estes anos de acúmulos políticos, onde espera-se um pouco mais de maturidade política, percebemos que os erros do passado ainda persistem no presente. 

Para a derrota do bolsonarismo e de todo esse projeto de desmonte, iremos precisar de UNIDADE. E este passo iniciou no 13M, continuou no 29M e perpétua com o 19J, convocado nacionalmente de forma unificada pelas centrais sindicais, movimentos e entidades. Por fim, acredito fortemente que a concretização da unidade está cada vez mais próxima, e se dará com a consolidação de uma frente única unificada, que irá agir com o objetivo de massificar toda a base para o grande levante que irá vencer o bolsonarismo, ainda este ano.

*Estudante de Letras na UFRGS e militante do Afronte!.