Carta aberta ao governador Hélder Barbalho e aos prefeitos dos municípios do Estado do Pará
Ampliar urgentemente o isolamento social para salvar vidas!
Os impactos da pandemia do novo Coronavírus no Estado do Pará estão a cada dia mais dramáticos. Já são mais de 4 mil pessoas infectadas e 300 mortos. Isso sem contar a terrível subnotificação que escamoteia a real dimensão da tragédia humanitária que se abate sobre o povo do Pará.
As medidas tomadas pelos governos até o presente momento infelizmente têm sido insuficientes para conter o avanço da Covid-19.
A construção de hospitais de campanha, aquisição de EPI’s, montagem de novos leitos, contratação de pessoal, aquisição de testes, equipamentos e insumos são medidas muito importantes e necessárias para o enfrentamento da pandemia, porém a experiência dos mais diferentes países do mundo tem demonstrado que a medida mais eficiente para evitar o colapso dos sistemas de saúde e mesmo da rede funerária é o isolamento social. Só o isolamento social amplo (de mais de 70%) da população será capaz de achatar a curva de contaminação e de óbitos, permitindo que o Estado garanta atendimento às pessoas que contraírem a doença e evitando o caos.
É imperioso que o governo do estado e as prefeituras publiquem decretos de lockdown (restrição das atividades econômicas e circulação de pessoas), a começar por setores econômicos não-essenciais como a indústria da construção civil e diferentes ramos do comércio de rua. Mas para que esta medida tenha êxito, é preciso que os milhões de paraenses que estão desempregados ou que vivem em situação de pobreza e vulnerabilidade social tenham renda para ficar em casa de quarentena. Os 600,00 do auxílio emergencial do governo federal não são suficientes para que as pessoas que precisam de renda e da assistência social do Estado fiquem em casa, pois elas precisam optar por se arriscar nas ruas trabalhando ao invés de morrerem de fome ou de não conseguirem pagar suas contas. O estado e as prefeituras precisam tomar medidas econômicas para garantir auxílios emergenciais a essas pessoas, além de intensificar as campanhas publicitárias educativas em favor do isolamento social.
É necessário ainda aumentar a fiscalização e monitoramento nas ruas acerca do cumprimento do lockdown por parte de empresas e da população em geral, além de garantir a distribuição gratuita de máscaras e material de higiene pessoal.
O tempo urge. A prioridade deve ser salvar vidas e dar assistência e condições aos pequenos e médios empreendedores para que consigam manter seus empreendimentos sem, no entanto, prejudicar seus funcionários arriscando-lhes a vida e o sustento vindo de seus empregos. Agir ao contrário do que vem fazendo o governo Bolsonaro ao não apresentar nenhum plano de contingência e gestão de riscos da crise, cujas declarações e políticas que aprofundam o caos e a morte de milhares de brasileiros nós repudiamos veementemente.
Neste sentido, reforçamos o apelo para que o poder público decrete urgentemente o lockdown no Estado do Pará e avance para tomar as medidas acima sugeridas, indispensáveis para vencermos a atual crise humanitária.
Frente 1914 – Paysandu antifascista
Remo Antifascista
Belém, 04/05/2020
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