Por: Malú Vale*, de Itaguaí, RJ
O município de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, vem vivenciando um processo de organização das lutas dos servidores municipais extremamente profícuo. Desde 1993 não se via unidade de ação das categorias profissionais. No dia 23 de setembro, aproximadamente 300 pessoas, entre população e servidores foram às ruas denunciar a situação vivenciada no município. Esse dia foi chamado de ‘Dia da verdade’, pois nele foi denunciado que a Nova Iguaçu da propaganda eleitoral de Nelson Bornier, atual prefeito e candidato à reeleição, em nada tem a ver com a Nova Iguaçu do cotidiano, que além dos atrasos salariais, representa descaso em várias áreas.
EDUCAÇÃO – Apesar de divulgar que disparou no Ranking do IDEB, indicador que mede a qualidade de parte da educação, a cidade não bateu a meta mínima e apenas 1% das escolas públicas do município bateu a meta. Além disso, 64,6% estão em estado de atenção; 5,1% estão em alerta e 29,3% das escolas devem melhorar urgentemente. É o caso da Escola Municipal Valfredo, em Austim. Em 2015, a caixa d`água vazou, inundou o teto, infiltrou e comprometeu embolso. Com isso, o gesso do teto estava caindo na cabeça dos alunos e professores e até setembro de 2016 o problema persiste.
ASSISTÊNCIA SOCIAL- Nova Iguaçu possui 18.911 famílias em situação de miséria fora do Programa Bolsa Família, de acordo com o Relatório Brasil Sem Miséria Maio/2016. O município deveria possuir 15 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), mas possui apenas oito, com capacidade de incluir apenas 30 famílias por dia útil, pois não são informatizados. Nesse ritmo, apenas em 2019 todas as famílias conseguirão entrar no programa, ou seja, terão que aguentar a miséria por mais três anos. Além disso, quem precisa atualizar os dados no sistema tem que enfrentar filas enormes e chegar de madrugada na porta da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), o que coloca as pessoas mais vulneráveis de Nova Iguaçu em situação de risco.
GESTÃO MUNICIPAL – Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu aprovou a redução de 29 vereadores para 17 a partir desta eleição, em 2016, e do próximo mandato, em 2017. No entanto, não reduziu o orçamento da casa. Com isso, cada vereador vai ter um aumento de 41%.
O MUSP-NI – Movimento Unificado dos Servidores Públicos de Nova Iguaçu é quem tem mobilizado as ações em parceria com associações profissionais e sindicatos, como o SEPE – Sindicato Estadual de Profissionais da Educação, a AACS – Associação de Agentes Comunitários de Saúde, o SindsMunim- Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Nova Iguaçu e Mesquita e a ASSESUAS – Associação de Servidores Estatutários do Sistema único de Assistência.
O ato do dia 23 concentrou na Praça Rui Barbosa e seguiu até Via Ligth – fechando meia pista desta pois os manifestantes entendiam que não poderiam causar um transtorno tão grande à população – caminhando até o prédio sede da Prefeitura, que foi ocupada por aproximadamente uma hora aos gritos de “Fora Borneir” e palavras de ordem, que falavam desde o atraso dos salários, até a necessidade de um Calendário de Pagamento Oficial, pauta primeira do movimento.
Ao saírem da Prefeitura, os servidores caminharam por ruas do centro de Nova Iguaçu fechando mais uma vez a Via Ligth. Caminharam até o calçadão, centro comercial com alta concentração de lojas. Dialogaram com a população e finalizaram o ato na mesma praça que iniciaram.
Houve muita receptividade e apoio por parte da população iguaçuana, que muitas vezes declarava a necessidade de não reeleger Bornier.
Nos próximos dias 29 e 30, haverá a greve de advertência e no dia 30, às 9h, haverá assembleia geral dos servidores, no Paço Municipal. Nesse encontro será votada greve, ou não, do funcionalismo.
Fato é que a Primavera apenas começou e Nova Iguaçu já floresce em lutas.
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*Assistente Social da Prefeitura de Nova Iguaçu, integrante do MUSP-NI e da ASSESUAS.
Foto: Jorge Ferreira.
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