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Prisão arbitrária de professor no dia 30 é discutida na CCDH da AL-RS

Da Redação

Nesta quarta-feira (5), a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Leigislativa do Rio Grande do Sul realizou uma audiência para discutir o excesso de violência da polícia militar contra os movimentos sociais, nos protestos do dia 30 de junho, como parte da mobilização nacional organizada pelas centrais sindicais. Na ocasião, ativistas da CTB foram detidos, junto com o professor Altemir Cozer, da CSP-Conlutas, que chegou a ser encaminhado ao presídio e só foi liberado após 27 horas da detenção.

Na audiência, foram discutidas a arbitrariedade da brigada militar, as humilhações, o absurdo da prisão de Altemir, a forma como o ativista foi tratado no presídio e o tempo que levou para ser liberado, mesmo após ter sido concedido alvará de soltura. O caso foi repudiado pelo conjunto das centrais sindicais, por parlamentares do PSOL, do PT, PCdoB, representantes de entidades, entre outras figuras públicas, além de divulgado em meios de comunicação de todo o país, como as maiores redes independentes do Brasil.

A dirigente da CSP-Conlutas Débora Carvalho Xavier foi ouvida e relatou os abusos. Segundo ela, “os manifestantes estavam posicionados na frente da empresa Carris, na Zona Leste da Capital, quando foram afastados do local pelo pelotão de Choque da Brigada Militar”. O grupo, que, segundo relatou Débora, seguia em caminhada em direção ao Centro, foi surpreendido pelas bombas de gás, 20 pessoas foram jogadas no chão e depois revistadas. Chegaram a ouvir comentários homofóbicos e agressões contra os professores que faziam parte dos atos. Documentos foram amassados e pedras foram implantadas na mochila do professor Altemir Cozer. Débora ainda denunciou racismo contra duas mulheres negras, as últimas a serem revistadas. Com provas implantadas, Altemir foi preso em seguida, com acusação de tentativa de homicídio com utilização de explosivo.

O deputado estadual Pedro Ruas (PSOL) questionou a prática. Ao mesmo tempo, o deputado bombeiro Bianchini pediu a palavra, disse não ter acordo com os excessos, mas que o movimento teria se organizado para inviabilizar a cidade e que seria este mesmo o papel da brigada. O deputado interrompeu por diversas vezes a fala de Pedro Ruas, até se retirar do local.

Ao final, o deputado estadual Marcel van Hattem (PP), que nem mesmo estava presente na discussão, entrou na sessão apenas para defender Biachini. Na ocasião, chegou a falar da nova ocupação dos lanceiros negros, movimento que também foi duramente reprimido pela polícia, mas o exemplo foi usado por ele para sustentar sua posição já conhecida, de que a comissão de direitos humanos ouviria apenas um dos lados. O deputado é conhecido pela postura contra os movimentos sociais e populares.

Ao final, ficou encaminhado que serão solicitadas as filmagens da brigada. Também serão chamados para a comissão um representante da Susepe e do Choque. Ainda, foram solicitadas filmagens do dia 30, gravadas por um ativista.

Participaram da reunião a deputada Miriam Marroni (PT), vice-presidente da comissão, os deputados Jeferson Fernandes (PT), presidente; Pedro Ruas (PSOL), Bombeiro Bianchini (PPL) e Marcel van Hattem (PP).