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MOVIMENTO

Desafios e tarefas do movimento estudantil gaúcho: contribuição do Afronte para o CONUEE/RS

Nesse final de semana ocorreu o Congresso da UEE Dr. Juca, no Rio Grande do Sul. Aqui apresentamos as contribuições do Afronte para a entidade nesse próximo período à luz das principais tarefas e desafios para o movimento estudantil gaúcho.

Afronte! Rio Grande do Sul

1. Unidade para derrotar o Bolsonarismo no nosso Estado!

Em 2022 tivemos uma importante vitória para o nosso povo quando derrotamos Bolsonaro eleitoralmente e garantimos a vitória de Lula na disputa eleitoral. Depois de um governo genocida e ecocida, que atuou conscientemente para destruir a educação pública no país e precarizar a vida da população mais empobrecida, uma grande unidade em torno da candidatura de Lula tornou possível darmos um passo para superar a catástrofe que foi o governo de extrema-direita. A juventude foi central para infligir essa derrota no bolsonarismo. O movimento estudantil foi ponta de lança nas principais movimentações contra o governo Bolsonaro, desde o Tsunami da Educação se colocando nas ruas para tentar barrar o projeto de destruição do nosso país.

Contudo, o bolsonarismo segue vivo e rastejante. A tentativa de golpe em 8 de janeiro foi uma demonstração de força e permanência desse movimento de extrema-direita no Brasil. No nosso estado, isso é ainda mais crítico. Vimos por meses os acampamentos golpistas na frente dos quartéis, a eleição de uma figura como Mourão para o Senado e Onyx Lorenzoni chegar ao segundo turno da eleição para o governo estadual. Na prefeitura da capital, Sebastião Melo aplica de ponta a ponta o modelo bolsonarista de destruição da coisa pública e ataques à população.

Já vimos qual o caminho para derrotar o bolsonarismo: unidade na luta! Erraram muito aqueles que tentaram fragmentar a luta contra Bolsonaro, negando-se a construir uma frente de esquerda unitária contra o genocida. No Rio Grande do Sul, a recusa em construir uma campanha unitária de esquerda impediu que Edegar Pretto chegasse ao segundo turno, colocando o risco de um bolsonarista raiz tornar-se governador do Estado. A história ensina e cobra. Quem insistir numa política sectária, autoproclamatória e fragmentista estará se tornado um empecilho na luta contra o bolsonarismo.

2. Um movimento estudantil de luta e independente!

A eleição de Lula abre um novo período no nosso país. Depois de anos lutando para evitar que tudo fosse retirado, agora podemos lutar para avançar. Elegemos Lula com base num programa de reformas e avanços sociais que queremos ver agora efetivados no governo. Bolsonaro elencou a educação como sua inimiga prioritária e avançou onde pôde para precarizar o ensino e a pesquisa no país. Agora, queremos retomar o que foi perdido e avançar para novas conquistas. Lutamos por uma Reforma Universitária que transforme o ensino superior no país, com investimento substancial na educação e pesquisa, democratização dos espaços de decisão nas universidades, ampliação das políticas de cotas, maior financiamento para assistência e permanência estudantil, etc. Queremos uma universidade pintada de povos!

Para conseguir concretizar esse objetivo, precisamos saber identificar quem são nossos aliados e quem são nossos inimigos. Não é possível democratizar o ensino superior no país de mãos dadas com os tubarões da educação. Não é possível investir na educação pública com centralidade com um Arcabouço Fiscal que paralisa o investimento público. Não é possível construir um projeto de país para as maiorias em aliança com o Centrão. Construímos a candidatura de Lula e defendemos o governo contra os ataques golpistas e chantagens da direita, mas também defendemos a independência do movimento estudantil e suas entidades para enfrentar as medidas que vão contra o programa que foi eleito. Defendemos no CONUNE a independência da entidade frente a qualquer governo e tivemos uma grande vitória com o compromisso da UNE em manter essa linha. O mesmo foi possível no CONUEE/RS, uma vitória para o movimento estudantil gaúcho.

 

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3. Uma UEE forte, enraizada e combativa!

A UEE/RS cumpriu um importante papel no último período. Esteve à frente das principais lutas do movimento estudantil, presente nas universidades e pautando as reivindicações centrais para os estudantes. Queremos aprofundar essa dinâmica, com uma UEE cada vez mais enraizada e inserida no cotidiano dos estudantes. Uma entidade forte que combata o governo do estado neoliberal e privatista de Eduardo Leite. Independente de reitorias e governos, construída pela base e organizadora das lutas estudantis. Para nós, essa não é uma ruptura do que tem sido a prática da UEE, mas uma continuidade e aprofundamento.

Contudo, vemos que algumas correntes do movimento estudantil lutam para construir outra imagem da entidade. Centradas em uma linha de autoconstrução sectária e fragmentista, afirmaram durante todo o processo do congresso que a UEE é uma entidade “fantasma”, esvaziada e ausente das lutas estudantis. Seguindo o que já fizeram no histórico recente, dividem o movimento estudantil com ataques, calúnias e visando deslegitimar as entidades do movimento estudantil. Não compactuamos com essas práticas. Defendemos a unidade, compreendendo as diferenças, mas ressaltando a necessidade de reconstruir o movimento estudantil e suas entidades com uma nova cultura política: democrática, enraizada e combativa.

Não há mais espaço para o sectarismo na esquerda brasileira. Se queremos ser sérios e consequentes com o futuro da educação no nosso país, precisamos superar o infantilismo autoproclamatório e beligerante. A luta por uma Reforma Universitária da magnitude que desejamos exige isso. Tivemos um processo vitorioso neste CONUEE, estejamos à altura dos desafios e tarefas para o movimento estudantil gaúcho.