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O dia que o SUS salvou a minha vida

Escrevo estas linhas muito emocionado como expressão de gratidão pelos médicos e a equipe de enfermagem que me atendeu

Agência Brasil

Valerio Arcary

Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.

No dia 24 de novembro passado estava em Paraty para a participação em uma mesa na Flip, o Festival Literário, e sofri uma crise inesperada de apendicite. Tive que recorrer ao SUS, em situação de emergência, e realizei a operação. A intervenção foi muito bem sucedida, e dois dias depois recebi alta.

Escrevo estas linhas muito emocionado como expressão de gratidão pelos médicos e a equipe de enfermagem que me atendeu. Gosto de pensar que não tenho inclinação para dramatizações. Mas não creio que seja exagero dizer que me salvaram de uma encrenca que podia ter sido grave.

Apendicite é uma inflamação do apêndice, uma pequenina bolsa situada no intestino que não cumpre mais função, um atavismo, talvez. Mas, se estourar há um risco sério de infecção no abdômen de consequências, potencialmente, perigosas. Me foi informado que não valia a pena tomar um anestésico, porque as dores poderiam ficar mais intensas. Não havia qualquer possibilidade de uma viagem de pelo menos cinco horas de volta para São Paulo.

Apesar de ter um plano de saúde coletivo através do meu sindicato, na hora da emergência quem me salvou foi o SUS. A operação foi feita no Hospital Municipal de Paraty. O hospital de Paraty estava sob intensa pressão pela presença massiva de turistas, e pelo contágio de doenças respiratórias, gripe e covid-19, além de outras ocorrências, como acidentes. Ainda assim foi possível, em algumas horas, fazer exames de sangue e urina, raio-X e, mais importante, uma tomografia. Sete horas depois de entrar no hospital já tinha sido operado.

As condições de trabalho de um hospital público são duras. Durante a tomografia ocorreu um blackout, e a luz caiu. Ainda assim foi possível fazer uma imagem que confirmava o diagnóstico de apendicite. Mas o mais importante, evidentemente, foi a destreza, compromisso, dedicação e gentileza de toda a equipe.

E é isso que o SUS faz todos os dias. Salva vidas. Não importa quem seja. Todos e cada um de nós estamos protegidos por um sistema universal e gratuito de atendimento médico. Essa foi uma das conquistas mais espetaculares dos últimos trinta anos. Há que defendê-la, custe o que custar.

Defender hoje o SUS passa pela aprovação da PEC de Transição.

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saúde / sus