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TEORIA

Breve biografia de Karl Marx, em seus 202 anos

Breno Nascimento, de Niterói, RJ

Nascia 202 anos atrás, em 5 maio de 1818, um dos maiores pensadores da história, Karl Marx. Este se notabilizou em diversas áreas do saber como a História (inaugurando um novo método científico o materialismo histórico), a Filosofia (criando a corrente filosófica do materialismo dialético), a Sociologia (sendo considerado um dos três pais fundadores da ciência junto a Émile Durkheim e Max Weber) e a Política (sendo criador em conjunto com seu grande amigo e colaborador Friedrich Engels da vertente política do socialismo científico, que visava o estabelecimento de uma sociedade comunista através de uma revolução da classe trabalhadora).

Destacou-se ainda pela intensa atividade jornalística, da qual tirava seu sustento. Começou no jornal liberal radical Gazeta Renana (1842-1843), que viu suas vendas crescerem após algumas publicações de Marx, tendo se tornado redator-chefe até o ano seguinte quando o jornal foi fechado sob intervenção do governo. Em 1844, no exílio francês publicaria a revista Anais Franco-prussianos, que acabou tendo apenas uma edição, pois Marx nesta época já havia abandonado seu anterior posicionamento político republicano radical em favor do comunismo entrando em desavença com seu parceiro editorial Arnold Ruge, que permanecia em posições liberais reformistas contra a monarquia prussiana. No contexto das revoluções de 1848, já tendo refundado a Liga dos Justos como Liga dos Comunistas (1847-1852) junto a Engels, iria publicar em parceria Joseph Weydemeyer a Nova Gazeta Renana (1848-1849), que em pouco tempo se tornaria um dos jornais de maior circulação da Prússia. Mas apenas 11 meses após a fundação o jornal seria fechado pelas autoridades prussianas por incitar a subversão. Entre 1851 e 1862 Marx seria correspondente internacional em seu exílio londrino de um dos jornais de maior circulação dos Estados Unidos, o New York Daily Tribune. Quando a guerra civil se iniciou nos Estados Unidos em 1861, o jornal teve dificuldades financeiras e demitiu todos os seus 17 correspondentes internacionais, com exceção de Marx cujos artigos estavam entre os mais lidos do jornal. No entanto, ao segundo ano de guerra seria Marx também demitido.

Ainda na década de 1850 estabeleceria um contrato editorial para a publicação de seu grande projeto de Crítica da Economia Política, mais tarde renomeado como O Capital, cujo o primeiro livro (único publicado com o autor ainda vivo) seria publicado em 1867, após mais de uma década de intensos estudos. Em 1859, seria publicado ainda um resultado preliminar de suas investigações intitulado Contribuição à Crítica da Economia Política.

Mas este período de escrita d’O Capital não seria marcado apenas pela atividade intelectual, pois Marx tinha em vista sempre o desenvolvimento do movimento da classe trabalhadora. Uma vez convidado a participar da fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1876) (mais tarde conhecida como Primeira Internacional) logo se tornou figura proeminente da mesma e polemizou com outras tendências do movimento dos trabalhadores dentro da Internacional como os bukuninistas, os blanquistas e os proudhonistas. Foi solidário à Comuna de Paris de 1871 e polemizou com o programa do recém fundado partido da social-democracia alemã, unificada no congresso de Gotha em 1875, por acreditar que no fazer político os princípios não devem ser negociados.

Portanto, Marx está muito longe de ser a figura do vagabundo sustentado pelo amigo rico que muitos críticos mal-intencionados traçam. Em contrapartida, se distância também da imagem monolítica do intelectual revolucionário sem vida particular. Marx era um amante da literatura, dos cigarros e das crianças, amigos fizeram diversos relatos biográficos da alegria contagiante do Mouro em brincar com seus netos.

Marx segue sendo um ponto necessário de referência para a classe trabalhadora de todo o mundo. Em sua obra magna, O Capital, demonstrou cientificamente, através do conceito de mais-valia, a existência da exploração dos patrões sobre os trabalhadores, que recebem sob a forma de salário muito menos do que aquilo que produzem. Suas análises sobre o caráter cíclico das crises no capitalismo e a necessidade histórica da superação desse sistema seguem indispensáveis. A atualidade de Marx se demonstra também na caracterização do humano como ser social, em polêmica aberta com teorias individualistas. Se nesta pandemia nos entristecemos com o isolamento social e sentimentos que os entretenimentos individuais e os contatos virtuais são insuficientes para a vida, sentindo a falta da presença e do contato pleno com outras pessoas é porque somos antes de tudo seres que apenas se satisfazem na comunhão coletiva com a totalidade do gênero humano.

Viva Karl Marx e seu legado!

Viva o comunismo!

 

 

SÉRIE ESPECIAL | A VIDA DE MARX

PARTE 1 – Karl Marx em Tréveris (1818-1835) 

PARTE 2 – Karl Marx estudante de Direito (1835-1841)

Parte 3 – Karl Marx: ateísmo e política na Prússia (1836-1841)

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