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BRASIL

Por que os bolsonarianos estão perseguindo jornalistas da Globo?

Lucas Scaldaferri, de São Paulo, SP
Reprodução

Caco Barcellos é escoltado, após agressão durante gravação

Dezenas de jornalistas da Rede Globo estão sendo ameaçados, constrangidos e hostilizados por bolsonarianos em todo o Brasil. Em uma série de ataques coordenados e violentos, profissionais da imprensa estão sendo impedidos de fazer o seu trabalho.

Um vídeo que circula na internet mostra a sequência de agressões onde jornalistas são perseguidos pelas ruas, xingados, microfones são tomados e equipamentos danificados. Em quase todos os casos é possível se ouvir em alto e bom som duas expressões por parte dos agressores: “globo lixo” e “Bolsonaro tem razão”.

Mas por que esses ataques estão acontecendo agora? Por que essas pessoas estão se sentindo fortes ao ponto de praticar tamanha violência a luz do dia?

A série de ataques à emissora acontece no momento onde o presidente Bolsonaro insiste em querer acabar o isolamento social e instituir a volta a normalidade no Brasil. Por este motivo trocou o ministro da Saúde no meio da pandemia. Em contrapartida a Globo segue utilizando seus noticiários para insistir na necessidade do isolamento social como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), autoridades médicas e científicas.

O aumento da hostilidade de Bolsonaro a imprensa, em especial a Globo, funciona como um gatilho para que seus seguidores possam atuar. Como uma verdadeira milícia fascista, as hordas bolsonarianas atacam com toda fúria o inimigo do momento do presidente da República. Não se pode subestimar o que diz o presidente da República. Muito menos quando ele tem um perfil autoritário e seguidores dispostos a se mobilizarem para implementar sua vontade.

O grupo empresarial Globo sempre teve associado a direita e a interesses conservadores. Apoiou o golpe militar de 1964 e a ditadura militar. Cumpriu o papel nefasto ao pavimentar o terreno para o golpe parlamentar de 2016 com a exposição midiática da Operação Lava Jato. E propagou – e ainda propaga – o receituário neoliberal de privatizações, cortes dos investimentos sociais e retiradas de direitos sociais da classe trabalhadora. Porém, o que estamos debatendo aqui não é o balanço histórico da Globo ou a necessidade de democratização dos meios de comunicação, uma bandeira histórica da esquerda.

A escalada autoritária de Bolsonaro contra a imprensa, mas também contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, precisa ser interrompida imediatamente. Nenhum jornalista, no exercício da profissão, pode ser agredido ou intimidado. Não podemos nos calar perante essas agressões. Ontem foi Glenn Greenwald, do The Intercept, hoje são os jornalistas da Globo, amanhã será tarde demais.

 

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