Pular para o conteúdo
Especiais
array(1) { [0]=> object(WP_Term)#20986 (10) { ["term_id"]=> int(4354) ["name"]=> string(27) "Tirem as mãos da Venezuela" ["slug"]=> string(26) "tirem-as-maos-da-venezuela" ["term_group"]=> int(0) ["term_taxonomy_id"]=> int(4354) ["taxonomy"]=> string(9) "especiais" ["description"]=> string(0) "" ["parent"]=> int(0) ["count"]=> int(184) ["filter"]=> string(3) "raw" } }

Colômbia: A vitória da direita uribista e os desafios da esquerda socialista

Por: David Cavalcante, de Recife/PE
O eleito Iván Duque, após reunir-se com o atual presidente, Juan Manuel Santos

O eleito Iván Duque, após reunir-se com o atual presidente, Juan Manuel Santos

FOTO: O presidente eleito Iván Duque, após reunir-se com o atual presidente, Juan Manuel Santos. Divulgação

No domingo, 17 de junho, venceu a direita no segundo turno das presidenciais colombianas com o comparecimento de 53% dos eleitores. Ivan Duque (Partido Centro Democrático), o candidato preferido das oligarquias e do imperialismo, foi eleito presidente da Colômbia com 10.398.689 (54%) contra 8.040.449 (42%) para Gustavo Petro, candidato do Movimento Colômbia Humana.

Apoiando-se nas nas pequenas e médias cidades mais conservadoras, com destaque para a fronteira com a Venezuela impactada com a imigração do país vizinho; explorando o ódio da população contra a guerrilha; utilizando uma campanha difamatória contra Petro, amplificada por grandes empresas de comunicação; alimentando uma versão catastrofista de que os investidores iriam fugir do país; utilizando o slogan “para que Colômbia não seja outra Venezuela”; tudo isso, fez com que o conservadorismo prevalecesse no resultado do segundo turno.

Apesar da vitória do uribismo, duas grandes novidades marcaram essas eleições, num país cuja história política contemporânea tem sido caracterizada pela ingerência direta do imperialismo norte-americano, a violência armada do Estado e dos paramilitares, a presença do narcotráfico e ações foquistas de movimentos guerrilheiros. A primeira foi o sentimento antimilitarista com apoio popular ao acordo de desarmamento, assinado com as FARC, desde agosto de 2016. A segunda foi a inédita ascensão eleitoral de um movimento de esquerda, como parte desse sentimento, alcançando o segundo turno contra as velhas famílias oligárquicas e suas máquinas partidárias.

Apesar do programa reformista, a campanha de Petro converteu-se num amplo movimento popular militante espontâneo com fortes mobilizações coletivas de rua, grandes comícios e a participação da juventude, apoiado ainda pelos movimentos sociais e sindical e pela maioria das organizações das esquerdas.  O sentimento geral da campanha do candidato e ex-dirigente do Movimento Guerrilheiro M-19 teve a marca da busca pela justiça social e contra as oligarquias, a luta contra as opressões, a defesa do processo de paz com a guerrilha e a introdução da pauta ambiental no cenário nacional do país.

Para garantir a ordem semicolonial, Duque deve atacar ainda mais os direitos sociais e aumentar a subordinação ao imperialismo
A vitória de Ivan Duque significa a possibilidade da reunificação das principais frações das oligarquias em torno do novo governo que tomará posse em agosto. O atual presidente prestes a terminar seu segundo mandato, Juan Manoel Santos, é oriundo de uma das famílias oligárquicas com forte presença na história política do país. Ex-ministro da Defesa do governo Álvaro Uribe, ele havia rompido com seu patrono político entre outros motivos por traçar a estratégia de pacificação do país para melhor aprofundar os laços da Colômbia de subordinação e dependência com o imperialismo. A Colômbia já possui atualmente 12 bases militares dos EUA.

Santos, apesar do êxito dos seus intentos de serviçal do império, que se revela na consolidação do processo de negociação do pacto econômico-comercial neocolonial, chamado de Tratado de Livre Comércio (TLC) assinado com os EUA, em 2012, bem como no ingresso do primeiro país latino-americano na Otan, em 2018, terminou seu segundo mandato com uma derrota política de peso que foi ver seu atual vice-presidente Germán Vargas Lleras, chegar em 4º lugar no primeiro turno das presidenciais, com apenas 7,28%.

A entrada da Colômbia na aliança militar pró-imperialista, Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), pode ser o ponto de partida para prováveis intervenções militares na vizinha rebelde Venezuela, já que o seu artigo 5º pode ser invocado para apoiar operações militares de apoio a quaisquer dos seus membros, ou seja, o país vai se consolidando como principal entreposto militar dos EUA, no continente Sul Americano.

O filhote de Uribe, Ivan Duque, seguramente seguirá os passos do seu padrinho, que já havia aprovado leis de mais precarização do trabalho, aumento da jornada e destruição dos serviços públicos de saúde e educação. Além de pretender reformar o acordo de desarmamento com as FARC como apregoou na campanha.

A unidade necessária para fazer frente aos ataques e a recomposição da esquerda
Com a ascensão de Duque, está colocado na ordem do dia a necessidade de organizar de forma unitária a resistência popular contra os ataques que virão. Caberá aos movimentos sociais, à CUT colombiana, à juventude anticapitalista e aos movimentos anti-opressões participarem de forma ativa desse processo de resistência.

Por outro lado, o resultado eleitoral demonstra que se abriu um novo momento para a reorganização da esquerda socialista no país. Os mais de 8 milhões de votos obtidos por Gustavo Petro e sua vitória em cidades importantes (a capital, Bogotá, com quase 1,9 milhões de votos (54%), Cali, com 446 mil votos (53%), Barranquila, com 242 mil votos (55%), Cartagena, com 176 mil votos (56%), Pasto, com 115 mil votos (68%)), entre outras cidades menores, tem o potencial para se converter num amplo movimento de reorganização da esquerda anticapitalista no país, na qual a esquerda socialista pode cumprir um papel importante.

 

SAIBA MAIS

Vinte milhões escolherão o presidente da Colômbia neste domingo, em eleição polarizada entre esquerda e direita