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MUNDO

Vinte milhões escolherão o presidente da Colômbia neste domingo, em eleição polarizada entre esquerda e direita

Por David Cavalcante, de Recife/PE
Os dois candidatos colombianos: Gustavo Petro e Iván Duque.

Os dois candidatos colombianos: Gustavo Petro e Iván Duque.

Neste domingo, 17 de junho, aproximadamente 20 milhões de eleitores elegerão o novo presidente da Colômbia. O histórico segundo turno das presidenciais colombianas é marcado por uma forte polarização entre direita e esquerda. De um lado está Ivan Duque (41, Centro Democrático), Senador (2014-2018), líder neoliberal reacionário em ascensão, apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, aliado estratégico dos interesses imperialistas norte-americanos na América do Sul, e do outro, Gustavo Petro (58, Movimento Colômbia Humana), esquerda reformista, ex-dirigente do Movimento Guerrilheiro M-19 (1977-1990), ex-senador (2006-2010) e ex-prefeito de Bogotá (2012-2015).

Tais eleições são históricas, pois seus resultados poderão consolidar ou não o processo de desarmamento e reconhecimento político-civil dos dois principais movimentos guerrilheiros do país (FARC e ELN), após 50 anos de guerra civil e forte ingerência dos EUA naquele país. Em agosto de 2016, o atual Presidente, Juan Manoel Santos, e o principal dirigente das FARC, o Comandante Timochenko, anunciaram em Havana, conclusão das negociações para o desarmamento, anistia, reconhecimento como partido político do então mais antigo movimento guerrilheiro da América Latina e localização social dos seus ex-combatentes.

O avanço das negociações com o Exército de Libertação Nacional-ELN também entrou na agenda política colombiana, após o acordo com as FARC. Neste ano, o ELN anunciou cessar fogo provisório, tanto para a realização do primeiro turno, no mês de maio, quanto para este segundo turno. O resultado do segundo turno seguramente afetará o avanço das negociações, pois diante da possibilidade de criminalização e proibição de acesso aos cargos parlamentares dos ex-dirigentes das FARC, defendido pelo candidato Ivan Duque, as condições de relocalização social dos guerrilheiros, que já são frágeis ante várias denúncias de lentidão e perseguição promovidas por forças paramilitares, poderiam se tornar totalmente inexequíveis.

O reconhecimento civil e político e a anistia para as FARC tem sido um dos principais temas de polarização entre os candidatos Petro e Duque nas eleições, pois ainda diante do referendo popular sobre o processo de paz, ocorrido em 02 de outubro de 2016, a direita uribista liderou a campanha pelo NÃO, ganhando por uma margem apertada de 0,5%, fato que não impediu a assinatura do acordo, mas jogou água no moinho das forças direitistas como bandeira ideológica.

Além da revisão ou não do acordo de paz, outros temas também diferenciam as duas candidaturas e marcaram fortemente os debates e a campanha no primeiro e segundo turnos. Petro tem como eixo de campanha a chamada economia produtiva com crítica ao extrativismo das mineradoras, a adoção de políticas sociais e ambientais com questionamento da matriz energética, defesa dos direitos humanos e das mulheres e população LGBT, além da defesa dos acordos de paz. Duque por sua tem uma agenda bem típica das forças reacionárias e neoliberais, como foco na liberalização da economia, suposto combate à corrupção e fortalecimento das forças policiais e militares.

As diversas pesquisas eleitorais realizadas nas últimas duas semanas são inconclusivas com relação ao provável resultado deste domingo, devido às grandes discrepâncias nos resultados divulgados. Ivan Duque aparece à frente de todas, porém há margens de diferença nas pesquisas que vão de 5% a 20%. A grande chance do candidato uribista é o apoio com amplas vantagens, nas pequenas e médias cidades do país.

Gustavo Petro, no entanto, possui alguns diferenciais registrados por alguns institutos que poderiam pesar num provável fenômeno de virada dos últimos dias. As pesquisas do Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica-CELAG, indicaram na última semana uma diferença de apenas 5% entre Duque (45,5%) e Petro (40%), mas o candidato da esquerda registrando uma curva ligeiramente ascendente das projeções voto, além de vantagens crescentes na capital Bogotá, em torno de 10%, bem como diferença de quase 20% na juventude e na preferência majoritária de voto dos eleitores do candidato de centro-esquerda, Sérgio Fajardo, que ficou em 3º lugar no primeiro turno com 23,2%. Vejamos se os ventos da Argentina chegarão a tempo para propiciar uma virada !

FOTO: Os dois candidatos colombianos: Gustavo Petro e Iván Duque. Foto Telesur

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Colômbia