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BRASIL

Conselhão de Temer se reúne e reafirma ofensiva contra direitos

Brasília – DF, 21/11/2016. Presidente Michel Temer durante reunião do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico Social. Foto: Marcos Corrêa/PR

Por: Gibran Jordão, de Brasília, DF

O presidente da República, Michel Temer, inaugurou, nesta segunda-feira (21), o novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Temer deu posse a 59 novos conselheiros e, com isso, renovou o conselho em quase 70%.

Na verdade, tal conselho é uma estrutura oficial criada por Lula para dialogar com os principais representantes da burguesia. Figuras públicas do mercado financeiro e do empresariado fazem parte desse conselho. No governo de conciliação de classes do PT, havia também a participação de entidades do movimento estudantil e sindical que colaboravam com o governo petista, como a UNE e a CUT. No governo de Michel Temer, como essas entidades pularam para oposição, foram substituídas por outras frações da burguesia.

Entre os novos nomes estão os empresários Abílio Diniz (BRF), Claudia Sender (TAM), Jorge Gerdau (Gerdau), Luiza Trajano (Magazine Luiza) e Roberto Justus, o ator Milton Gonçalves, o ex-jogador Raí, e os presidentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga, e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

Pelo movimento sindical está participando do conselhão, a convite do Presidente da República, a Força Sindical, UGT e Nova Central Sindical. Respectivamente estão Juruna, Ricardo Pathá e José Calixto, figuras representantes do sindicalismo mais pelego, burocrático e conservador que vão cumprir o papel que a CUT cumpria durante os governos petistas. Um sinal que o governo Temer está conseguindo de alguma forma dividir o movimento sindical brasileiro para facilitar o caminho para aprofundar a recolonização do país.

Os poderosos organizam uma ofensiva contra os direitos e conquistas democráticas
As falas dos principais representantes dos ricos e poderosos que comandam a economia do país demonstraram a unidade da burguesia no que é estratégico: A aplicação do ajuste fiscal, saqueando direitos históricos e recrudescendo liberdades democráticos. A preocupação e a ansiedade da burguesia em aplicar o que eles chamam de “reformas estruturais” o mais rápido possível ficou notório na reunião.

O ministro da Fazenda, Henrique Meireles, destacou o foco na contenção de gastos, e reafirmou toda a propaganda que já vem fazendo pela aprovação da PEC 55 e da Reforma da Previdência como medidas concretas para aprofundar o ajuste fiscal e atrair investimentos de especuladores que querem ter a certeza de lucro fácil.

O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, defendeu publicamente que o Brasil só vai crescer acima de 2% se fizer reformas, entre elas a trabalhista e a Reforma Política. O banqueiro defendeu que o negociado tenha valor superior ao que está legislado, o que na prática significa a desestruturação completa das conquistas e direitos garantidos por lei. E isso vai ocorrer porque a correlação de forças é desfavorável para os trabalhadores nos processos de negociação coletiva e fica cada vez mais frágil em tempos de desemprego nas alturas.

Setúbal ainda defendeu a Reforma Política para diminuir o número de partidos e dar mais “estabilidade ao país”. Traduzindo, a burguesia quer atacar direitos, sabe que haverá resistência, aprendeu com os recentes processos na Europa e quer fechar o regime para impedir que a esquerda possa se reorganizar e crescer com a insatisfação popular, que vai aumentar na medida e, que o ajuste vai avançando.

Paulo Skaf, o chefe da Fiesp, está otimista com o governo Temer. Ponderou dizendo que Temer tem o controle do Congresso Nacional e que o cenário é mais estável do que meses atrás. Como foi um dos principais impulsionadores do Impechement, o dirigente da Fiesp aposta que o governo Temer conseguirá fazer as reformas necessárias para dar um fôlego para mais um ciclo de desenvolvimento do capitalismo.

Zeina Laft, representando a XP/Investimentos, demonstrou preocupação e ansiedade. Disse que as mudanças estruturais não podem ser por etapas, precisam se dar de uma vez só no espaço mais curto de tempo para ganhar a confiança dos investidores, caso contrário a lua de mel vai acabar.

A unidade dos trabalhadores contra a unidade dos ricos e poderosos
Há uma luta pesada entre frações da burguesia para ver quem consegue assumir o estado para direcionar recursos para um ramo, ou outro da economia. Como há uma crise, não há abundância de recursos e a luta fica cada vez mais feroz.

Mas, tal disputa não impede que os poderosos tenham um grande acordo em torno da aplicação de um ajuste fiscal que vai rever uma série de concessões e pequenas conquistas que os trabalhadores conseguiram, principalmente os direitos sociais da Constituição de 1988. Nesse sentido, o regime tem funcionado bem, com o STF decidindo contra a greve dos servidores públicos, com o Congresso aprovando na Câmara a PEC 241 e com o presidente Michel Temer tentando cooptar parte do movimento sindical.

Temos ainda um importante calendário de lutas a ser cumprido no próximo período, que envolve o dia 25 e o dia 29 de novembro. Vamos apostar nesses processos de unidade de ação para tentar reverter essa difícil conjuntura. Nossa insistência poderá abrir as possibilidades para processos mais amplos e impactantes de resistência. o que poderá levar milhões às ruas, como também pode ajudar na construção de uma greve geral no país, mesmo contra a vontade das direções majoritárias do movimento.

Lista
Veja abaixo os nomes dos 96 integrantes do ‘Conselhão’:

– Abílio dos Santos Diniz
– Ana Maria Malik
– Ana Maria Martins Machato
– Andreia Cristina Brito Pinto
– Anielle Falcão Guedes
– Anna Maria Chiesa
– Antonio Fernandes dos Santos Neto
– Ariovaldo Santana da Rocha
– Armando Manuel da Rocha Castelar Pinheiro
– Benjamin Steinbruch
– Bernardo Rocha de Rezende
– Chieko Nishimura Aoki
– Claudia Sender Ramirez
– Claudio Luiz Lottenberg
– Clemente Ganz Lúcio
– Dan Ioschpe
– Dorothéa Fonseca Furquim Werneck
– Edson de Godoy Bueno
– Eduardo Eugênio Gouvea Vieira
– Eduardo Navarro de Carvalho
– Eliana Calmon Alves
– Elizabeth Maria Barbosa de Caralhaes
– Fábio José Silva Coelho
– Francisco Carlos Teixeira da Silva
– Francisco Deusmar de Queirós
– Francisco Gaudêncio Torquato do Rêgo
– George Teixeira Pinheiro
– Germano Rigotto
– Gilberto de Almeida Peralta
– Gisela Batista
– Guilherme Afif Domingos
– Helena Bonciani Nader
– Humberto Eustáquio César Mota
– Jackson Medeiros de Farias Schneider
– Jaime Lerner
– Janete Ana Ribeiro Vaz
– João Carlos Di Gênio
– João Carlos Gonçalves
– João Carlos Marchesan
– João Martins da Silva Junior
– Joel Malucelli
– Jorge Gerdau Johannpeter
– Jorge Luiz Numa Abrahão
– Jorge Paulo Lemann
– José Antonio Guaraldi Felix
– José Calixto Ramos
– José Carlos Rodrigues Martins
– José Márcio Antônio Guimarães de Camargo
– José Pereira de Oliveira Júnior
– José Roberto Rodrigues Afonso
– Josué Christiano Gomes da Silva
– Laércio José de Lucena Cosentino
– Lia Hasenclever
– Lino de Macedo
– Luiz Carlos Mendonça de Barros
– Luiz Carlos Trabuco Cappi
– Luiz Mona Yabiku Junior
– Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues
– Luzia Torres Gerosa Laffite
– Marcos Antonio de Marchi
– Marcos Antonio Molina dos Santos
– Marcus Vinicius Furtado Coêlho
– Maria Berenice Dias
– Marie Anne Van Sluys
– Marina Amaral Cançado
– Maria Freitas Gonçalves de Araújo Grossi
– Milton Gonçalves
– Mônica Baumgarten de Bolle
– Murillo de Aragão
– Nizan Mansur de Carvalho Guanaes Gomes
– Paula Alexandra de Oliveira Gonçalves Bellizia
– Paulo Skaf
– Pedro Luiz Barreiros Passos
– Pedro Wongtschowski
– Raí de Souza Vieira de Oliveira
– Reginaldo Braga Arcuri
– Renata Maria Paes de Vilhena
– Renato Alves Vale
– Ricardo Brisolla Balestreri
– Ricardo Morishita Wada
– Ricardo Patah
– Roberto Setúbal
– Roberto Luiz Justus
– Roberto Rodrigues
– Robson Braga de Andrade
– Rosemarie Bröker Bone
– Rubens Ometto Silveira Mello
– Ruth Coelho Monteiro
– Sergio Paulo Gomes Gallindo
– Solange Maria Pinto Ribeiro
– Sonia Guimarães
– Tânia Bacelar de Araújo
– Teresa de Jesus Costa D’Amaral
– Viviane Senna Lalli
– Zeina Abdel Latif

foto: Marcos Corrêa/ PR

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