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EDITORIAL

Primeiro de maio em tempos de Temer

O dia do trabalhador é historicamente uma data de luta por direitos. Tudo que conhecemos hoje: a fixação da jornada de trabalho, o direito ao repouso semanal remunerado, o direito à férias, o décimo terceiro salário, a previdência social, o direito à organização sindical, entre inúmeras outras medidas foram conquistadas por lutas, protestos e greves de milhares de trabalhadores ao longo da história.

Hoje o Brasil vive uma agenda de ataques a todos esses direitos. Por ocasião da crise econômica estão sendo retirados benefícios básicos, nas palavras do governo e da grande mídia: o custo Brasil precisa cair. Essas medidas favorecem apenas uma pequena parcela da população, mas são defendidas diariamente pela imprensa como se representassem o interesse de todos. A reforma da previdência (Pec 287), a reforma trabalhista, a lei das terceirizações (PL 4302) estão sendo apresentadas e defendidas como medidas necessárias e urgentes para tirar o país da crise. Tentaram fazer com que a população acreditasse que todos tivessem algo a ganhar com este pacote.

 

Agora é oficial: Temer perdeu o debate

O Temer assumiu o Governo pela via do golpe parlamentar, apresentando a campanha “Vamos tirar o Brasil do Vermelho”. Queriam se aproveitar do desgaste do PT para aprovar as reformas sem resistência.

Em menos de um ano podemos afirmar que este plano não deu certo. A pesquisa divulgada hoje pelo DataFolha comprova o que as ruas já indicavam: 71% da população está contra a reforma da previdência, 64% pensam que reforma trabalhista beneficia os patrões, 63% opinam o mesmo sobre a terceirização, 62% são contra a EC 55. Definitivamente Temer e a grande mídia perderam o debate na sociedade.

 

O ataque continua

A reação do Governo e dos principais meios de comunicação do país perante a greve do dia 28 de abril mostra que o ataque vai continuar. Todos os representantes do planalto afirmaram na própria sexta feira que o protesto foi insignificante, que não tem apoio popular. A cobertura da grande imprensa seguiu a mesma lógica, privilegiando imagens de violência e mentindo sobre a amplitude das manifestações.

Os dados da pesquisa de hoje mostram a fragilidade deste discurso. O dia 28 foi grande, foi histórico e está alicerçado no sentimento da ampla maioria da população. O povo não quer as reformas.

O Governo, no entanto, não está disposto a parar, mesmo diante das evidências de que este projeto é totalmente impopular. Temer não foi sequer eleito, é um legítimo representante da classe dominante, seu compromisso é com a ínfima minoria de brasileiros que verá seus lucros aumentados com este pacote de ataques. Não temos nenhuma razão para pensar que a impopularidade desses projetos pode detê-lo.

 

2018 será tarde demais… É preciso derrotar as reformas e derrubar Temer nas ruas

É preciso derrubar o governo para parar as reformas. Nunca tivemos ilusão de que esta tarefa pode ser terceirizada para os procuradores ou para uma decisão judicial da Operação Lava Jato. É a classe trabalhadora organizada, com as suas greves, lutas e protestos que pode derrubar o Governo e abrir caminho para uma saída política que preserve os direitos da população.

A pesquisa também aponta um dado interessante: 85% querem eleições diretas já. A população quer escolher o presidente. O movimento que realizou a maior greve geral das últimas décadas tem enorme responsabilidade. A direção do PT e da CUT, amplamente majoritária precisa travar um plano para derrubar Temer. 2018 será tarde demais. É hora de agir rápido e o primeiro passo é articular de forma unitária um novo dia nacional de greve. Não temos tempo a perder.

 

Foto: Carol Burgos