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MOVIMENTO

Escola Nacional Itinerante de Dirigentes da Resistência-PSOL Minas Gerais

Jéssica Duboc, de Juiz de Fora (MG)

No feriado do mês de abril, na cidade de Contagem-MG, os dirigentes da Resistência- Psol de Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora, participaram da Escola Itinerante Nacional de Dirigentes organizado pela Equipe Nacional de Formação e Propaganda da Resistência (ENFP). A Escola Itinerante está sendo construída nos meses de abril e maio nos estados brasileiros onde atuamos e tem como objetivo refletir coletivamente sobre a importância das organizações revolucionárias na atualidade.

Foram três dias imersos na formação teórica marxista para pensar sobre os desafios dos revolucionários no tempo histórico presente. A começar, na sexta-feira, pela retomada da experiência do partido bolchevique à luz das contribuições de Lênin, Trotsky e Bensaid: quais lições a Revolução Russa pode nos ensinar sobre a importância e o papel do partido na concepção leninista, considerando as particularidades das contradições do capitalismo contemporâneo e os desafios para a organização da classe trabalhadora?

No segundo dia, após um típico café da manhã mineiro, estudamos a complexificação das relações sociais capitalistas e as mudanças nas condições de luta da classe trabalhadora nas democracias modernas a partir da leitura e debate da produção carcerária de Gramsci. No contexto de ampliação do Estado, quais trincheiras os revolucionários devem construir nos distintos momentos da luta de classes?

No período da tarde, debruçamos sobre a rica contribuição do Partido dos Panteras Negras na auto-organização das pessoas negras na luta pela auto defesa e direitos civis no centro do imperialismo, os Estados Unidos. A experiência dos Panteras Negras revelam o papel central das mulheres negras na atuação cotidiana do partido, tanto como dirigentes da organização quanto na transformação das tarefas dos cuidados e da reprodução social da classe em ação política nos “Programas de Sobrevivência” construídos junto às comunidades. De que forma a luta e organização dos Panteras Negras contribuem para a reflexão sobre a dialética da relação entre classe, raça e gênero?

Dedicamos o domingo, último dia de curso, para pensar as organizações revolucionárias em tempos de fragmentação, crises e rupturas com base nas elaborações de dirigentes do movimento trotskista contemporâneo. Quais as condições objetivas e subjetivas que caracterizam as crises das organizações revolucionárias no último período? Como os revolucionários organizam a sua intervenção em contextos de refluxos?

O acúmulo dos três dias de debates possibilitou a elaboração de sínteses coletivas que reafirmam a importância da organização revolucionária no século XXI e refletem sobre os desafios e possíveis caminhos para os “revolucionários em um tempo sem revolução” (Canary, 2024). Foram agradáveis momentos de estudos coletivos, debates profundos, encontros, reencontros e deliciosas comidas mineiras.

CANARY, Henrique. O drama dos revolucionários em um tempo sem revolução. Esquerda Online, 2024.