“O sangue é quente
É de fazer o sonho ferventar
O sangue ferve
Até fazer o sonho evaporar”
Boogarins
Veio a público, no último fim de semana, cenas de uma abordagem policial absolutamente abusiva e ilegal contra torcedores do Vila Nova (GO), que foram perfilados e ordenados a entoar cânticos do time adversário (Goiás). Essa abordagem não encontra nenhuma justificativa racional, pedagógica ou legal, além da mera humilhação de jovens trabalhadores e estudantes, em sua maioria pobres, que compõe a torcida vermelha do Tigrão.
Os absurdos perpetrados pelas forças de segurança de Goiás são tantos e tão abjetos que sequer caberiam aqui. A lista só não é mais longa que o histórico de resistência da população trabalhadora goiana que, longe dos holofotes da grande mídia, se defende como pode, seja na ação direta contra reintegrações de posse do porte do Pinheirinho (SP), seja em enfrentamentos cotidianos que geram figuras contraditórias e mitológicas como Leonardo Pareja.
É inaceitável que as forças de segurança sigam se comportando como gangues, certas da impunidade enquanto oprimem a população que deveriam defender. E se é verdade que essa história não começou no atual governo, também é verdade que o governo miliciano encorajou e empoderou os setores mais degradados das já degradadas polícias. Para além do papel já discutível de força armada protetora dos direitos de propriedade dos mega-ricos, os episódios de corrupção e abuso de autoridade são a norma na atuação das Polícias pelo Brasil afora.
Precisamos de uma polícia desmilitarizada, unificada e sob o controle da população. Nenhum jovem negro e pobre deve temer por sua vida quando sai de casa, seja para trabalhar ou para ir a um jogo de futebol.
Ainda que tenhamos um longo caminho pela frente nessa batalha e nada seja garantido, nem após a rosa avermelhar nem após o sol vermelhecer, para que possamos respirar é preciso tirar o neofascista do poder central. Nesse chamado amplo para mais esse enfrentamento, sabemos poder contar com a torcida do Vila Nova. Fica aqui nossa solidariedade aos torcedores do Tigrão e nosso repúdio à brutalidade policial. Como sempre souberam fazer os torcedores do Tigrão, transformemos nossa indignação em luta e nossa luta numa grande onda fora Bolsonaro nessa reta final do segundo turno. Dia 30 o brilho do nosso canto terá o tom e a expressão da nossa cor: vermelho.
* Essa nota é uma homenagem a Igor Dias, diretor do Stiueg. O mais vermelho dos torcedores do Vila Nova e o mais vilanovense entre os revolucionários.
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