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MOVIMENTO

Camila Lisboa, coordenadora geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, lança seu nome para a presidência da entidade

da redação

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo-SP, uma das entidades sindicais mais combativas do país, passará por processo eleitoral para eleger a diretoria de 2023-2025. Estas eleições ocorrerão no marco de uma forte ofensiva privatista sobre o metrô que tem se dado ao longo dos últimos anos.

À frente do sindicato tem se destacado uma diretoria que tem cumprido um importante papel nestes últimos anos, quando, não só o caráter público do serviço prestado pelo metrô tem sido atacado, como também os direitos dos trabalhadores do metrô.

Para a próxima gestão, já começaram os processo de articulação de chapa e o nome da companheira Camila Lisboa, atual Coordenadora Geral do Sindicato pela gestão eleita em 2019, tem ganhado força entre os lutadores da categoria.

Uma trajetória de luta em defesa do metrô, da categoria metroviária e do sindicato

Camila Lisboa começou sua trajetória ainda no movimento estudantil da UNICAMP, onde formou-se em Ciências Sociais. 

Depois de formada, atuou como professora na rede estadual de São Paulo até prestar concurso para o Metrô, em 2012, e logo que foi convocada a assumir sua vaga como Agente de Estação, filiou-se ao sindicato.

Camila foi parte dos 42 trabalhadores demitidos na greve de 2014 que, depois de uma intensa campanha democrática, foram readmitidos. 

Nas eleições do sindicato para a gestão de 2019, Camila concorreu como Coordenadora Geral, tarefa que cumpre desde então.

Ao longo destes últimos anos, foram muitas lutas. Uma das mais importantes foi a luta em defesa da sede do sindicato, ameaçada de ser tomada pelo governo de João Dória-PSDB. O sindicato, com Camila na linha de frente, também tem lutado contra a ofensiva privatista sobre o metrô, denunciando as consequências dessa medida, e por condições seguras de trabalho e por vacina, ao longo da pandemia.

Camila também tem se dedicado à investigação científica e acadêmica acerca das lutas da classe trabalhadora, tendo recentemente publicado um livro (Usina Editorial) nascido de seu mestrado em Sociologia prestado na USP, cujo tema é a percepção dos usuários do Metrô acerca das greves de seus trabalhadores. 

Camila presidente do sindicato dos metroviários

Reconhecida na base e referência em todas as lutas da categoria e da cidade, o nome de Camila para a presidência do sindicato veio ganhando força, ainda mais porque poderá ser a primeira vez que o sindicato será presidido por uma mulher. 

Como Camila mesmo define: “Acredito que a postura que tive de incentivar a luta e ir pra greve quando necessário, mas também demonstrar capacidade de negociação e articulação política externa é o que tem feito muita gente apoiar esse projeto. Minha presença constante na base também tem feito muita gente apoiar essa ideia. Não se trata de um projeto e nem de mérito individual. Expressei o perfil de luta de um coletivo de pessoas, lutadores e lutadoras reconhecidas pela categoria.”

Contudo, antes haverá um processo de prévias na chapa em que Camila concorrerá. Nas suas redes sociais, Camila explica: “Será realizada uma prévia na categoria, para que os trabalhadores e trabalhadoras escolham quem será a/o candidata/o a presidente da chapa de luta, da chapa de todos aqueles que batalharam pela manutenção do nosso Acordo Coletivo.”

A força que o nome de Camila vem ganhando na categoria, acaba enfrentando e deixando para trás um processo estrutural de machismo e de falta de reconhecimento das mulheres como capazes de assumirem a liderança das lutas, o que infelizmente ainda é muito comum no movimento sindical. Assim, ter um nome como o de Camila Lisboa à frente de um sindicato importante e combativo como o dos metroviários de São Paulo tem um significado fundamental, tanto pelo sua trajetória inquestionável na categoria, como pelo papel que seu nome pode cumprir na luta contra o machismo, na entidade, na própria categoria e no movimento sindical como um todo.