Na madrugada deste domingo (10/4), por volta das 3h, um homem não identificado realizou disparos de arma de fogo na direção da portaria do acampamento Marielle Vive, em Valinhos (SP), colocando em risco a vida de várias pessoas que estavam no local no momento. O ataque ocorreu poucos dias após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a suspensão dos despejos na pandemia até 30 de junho de 2022.
As pessoas que presenciaram o ocorrido relatam ver um carro passando diversas vezes na frente do acampamento com a placa coberta e em velocidade reduzida. Na última vez, reduziu ainda mais a velocidade quando chegou em frente a portaria, tirou a mão para fora do carro, com uma arma, e desferiu os tiros para, em seguida, acelerar no sentido da cidade de Valinhos. No momento haviam várias pessoas no local e tentaram se proteger; a maior parte se jogou no chão. Felizmente ninguém se feriu. Foi possível verificar que se tratava de um homem branco que parecia estar sozinho.
Este não é o primeiro ataque sofrido pelas famílias do acampamento Marielle Vive. Lembremos do fatídico dia 18 de julho de 2019, quando o trabalhador Luis Ferreira foi assassinado no mesmo local em que o atirador agora ameaçou. O seu assassino (Léo Ribeiro), réu confesso, continua solto por decisão do sistema de justiça.
O que leva uma pessoa a sair de sua casa numa madrugada de domingo e ameaçar famílias que lutam por terra e por direitos sociais? Só pode ser o ódio contra pobres, contra trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra e essa é a política adotada pelo atual presidente do país e seus seguidores que defendem a liberação do uso de armas. Quem porta armas de fogo e desfere tiros no objetivo de ameaçar outras pessoas, está agindo na intenção de matar, por isso esse fato é mais uma tentativa de homicídio cometida contra as famílias do Acampamento.
Conclamamos a todas e todos contrários à violência, à política de ódio e a estes tipos de ataques e ameaças contra a integridade destas famílias a denunciarem o fato para coibir os fascistas de plantão que se sentem livres para cometer seus crimes na calada da noite. Não podemos aceitar! Em particular às autoridades responsáveis, como a polícia e o Ministério Público, que devem investigar os fatos para punir os responsáveis.
A prefeitura de Valinhos está assistindo estas violências cometidas ao longo dos quatro anos de existência do acampamento, mas tem nas mãos o poder de resolver este conflito com o reconhecimento da cidadania e assentamento definitivo das famílias no local, implantando políticas públicas através do Estado e favorecendo a acesso à moradia e ao trabalho digno.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
10 de abril de 2022, São Paulo – SP
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