A crise generalizada em decorrência da pandemia da Covid-19 ganha dimensões ainda maiores com o descaso e negacionismo do governo Bolsonaro e seus apoiadores que prezam pelo lucro acima da vida. Mesmo não havendo nenhuma predisposição biológica, a população negra tem sido a principal vítima do coronavírus em termos de contaminação e morte devido às condições de vulnerabilidade social. Estamos diante do aprofundamento de um quadro crônico de desigualdades sociais, com novos recordes de fome e desemprego, resultados de um projeto genocida e da agenda ultraneoliberal de desmonte e privatização de serviços públicos, exploração descontrolada do meio ambiente e ataques a direitos historicamente conquistados.
Sob a lógica do lucro acima da vida, Bolsonaro e seus aliados da Casa Grande desmontam a educação pública e atacam a política de cotas, fruto da luta histórica do movimento negro junto a outros movimentos sociais. Assim, deixam evidente que não aceitam as filhas e filhos de porteiros e empregadas domésticas ocupando e enegrecendo os corredores, salas de aula, laboratórios e auditórios das universidades do país. Nas bicicletas e motos pelas ruas, vemos que a informalidade e a precarização do trabalho também têm idade e cor.
Em meio à pandemia de um vírus letal, jovens negros seguem sendo principal alvo da política de segurança pública genocida, planejada e estruturada para criminalizar e encarcerar corpos e territórios negros, e que segue tombando corpos e sonhos nas periferias. Dados alarmantes do 15º Anuário de Segurança Pública mostram que das 6.416 pessoas que foram mortas em decorrência de intervenção policial em 2020, 5.062 delas são pessoas negras, 79,1% do total. Casos como de Ágatha Félix e das primas Emily e Rebecca mostram que nem mesmo nossas crianças são poupadas nessa guerra contra negros e pobres. Quando não mortos pelo braço armado de um Estado que nega cultura, trabalho e educação, esses jovens são vítimas da criminalização e seletividade de um sistema de justiça racista, compondo a maioria da população carcerária do país que vive em situação desumana.
O Extermínio e o Encarceramento da juventude negra no Brasil, se iniciou com o sequestro de nosso povo da África, aprisionamento e transporte no depósitos dos navios negreiros superlotados, sem higiene, água potável, comida de péssima qualidade, falta de ar, idêntica as condições atuais das prisões brasileiras. A luta da Juventude Negra no Brasil se dá através da busca da Liberdade. A organização para este objetivo se iniciou a séculos atrás, ainda durante a escravização, que tentou destruir a história secular dos padrões civilizatórios africanos, não reconhecendo os conhecimentos culturais, já existentes no continente africano. Obviamente com suas particularidades e estruturas milenares quei ressignificadas desse lado do Atlântico Negro, por meio dos Quilombos, Terreiros de Candomblé, Favelas e Kebradas.
É por esses motivos que a juventude e o movimento negro insistiram na urgência de colocar a luta antirracista com centralidade nos debates políticos do país. As campanhas de solidariedade realizadas durante a pandemia, organizadas por coletivos e movimentos de negritude e de periferia, mostraram que o nosso povo não arredou o pé da luta, sendo linha de frente na trincheira da batalha contra a fome e protagonistas na retomada das grandes manifestações de rua contra o governo Bolsonaro.
Após o assassinato de George Floyd em 2020, levantou-se uma gigantesca onda internacional de protestos antirracistas, voltando a atenção do mundo para a necessidade de reparação histórica e defesa das vidas negras e indígenas com políticas concretas e efetivas. Reconhecendo a memória como um campo de disputa, a negritude tem resgatado a história que a história não conta, com o povo negro como principal agente histórico e social do Brasil, denunciando a política de embranquecimento e o mito da democracia racial. Recentemente também vimos em Brasília a potência dos povos indígenas na luta contra o PL 490 e o Marco Temporal, demonstrando que a organização e mobilização coletiva é o que tem garantido mais de 500 anos de resistência. Além disso, alertam para a urgência da crise ecológica e climática em decorrência da exploração capitalista e ensinam sobre a importância da preservação do meio ambiente para a garantia do futuro do planeta e da humanidade.
Nesse sentido, o Afronte! lança essa campanha por entender que a construção de um novo projeto de sociedade deve necessariamente pautar a defesa do futuro da juventude negra, que vem sendo vanguarda nos principais processos políticos e mobilizações sociais. Afirmamos que o combate ao genocídio só será possível com o fim da guerra às drogas, desmilitarização das polícias e por meio da promoção de políticas públicas de educação, saúde, cultura, e esporte para as crianças e jovens negros, sobretudo nas periferias. Para isso, o Afronte! reforça seu compromisso com o antirracismo e se coloca à disposição do movimento negro na luta pelo reconhecimento do povo negro como sujeito de direitos e agente político indispensável em uma verdadeira democracia.
O povo negro nunca aceitou de forma passiva o plano colonial de exterminio realizado pelo supremacismo branco, pelo contrario, desenvolveu estrategias de sobrevivencia e ao longa da historia resistiu em quilombos e guerrilhas para dar fim a estrutura racista colonial brasileira. Se organizou em terreiros, escolas de samba, clubes negros, na luta para manter viva nossa cultura, afirmar nossa negritude e combater o Mito da Democracia Racial.
Nós, pensadores, artistas, intelectuais, deputados, vereadores, professores, estudantes, jovens trabalhadores, moradores de ocupação, quilombolas, militantes da luta antirracista, que assinamos este manifesto, seguiremos guiados pelos ensinamentos de quem veio antes e abrindo novos caminhos para os que estão por vir. Na luta por uma sociedade mais justa e igualitária, onde a verdadeira democracia possa existir com o fim da desigualdade racial. Nós continuamos plantando orgulho para colher liberdade, plantando organização para colher vida, pois povo negro unido é povo negro forte, pela potência do grito “vidas negras importam!”, nossa marcha segue para fazermos novos Palmares.
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Assinaturas:
– Paula Nunes, militante do Afronte, co-vereadora Bancada Feminista pelo PSoL em São Paulo
– Matheus Gomes, militante do Afronte, vereador pelo PSoL em Porto Alegre
– Iza Lourença, militante do Afronte, vereadora pelo PSoL em Belo Horizonte
– Taliria Petrone, Deputada Federal, PSoL – RJ
– Equipe do mandato da Deputada Federal Áurea Carolina, PSoL – MG
– Benny Briolly, vereadora PSoL niterói
– Luiz Felipe de Oliveira Teixeira – Coordenador Estadual do Movimento Negro Unificado do RS
– Winnie Bueno, Ialorixá, Mestra em Direito pela Unissinos -RS, Doutoranda em Sociologia pela UFRGS, Fundadora da Winnieteca, Coalizão Negra por Direitos
– Genival Oliveira Gonçalves – GOG, rapper, escritor e ativista social
– Deise Benedito, Mestre em Direito e Criminologia
– Pamela Zorn, Artista Visual
– Douglas Rodrigues Barros, professor universitário, ensaísta e escritor
– Camila Lisboa, Presidenta sindicato dos metroviários SP
– Max Maciel, Rede Urbana de Ações Sociais (RUAS)
– Militantes da Coletiva SUS
– Jeovania Rodrigues, presidenta do Conselho de Saúde do DF
– Toni de Castro, Resistência/PSOL DF
– Talita Victor, Coletivo Mais de Nós
– Martina Gomes, Secretaria de Mulheres do PSOL
– Zuleide Queiroz – 2a. vice presidente do ANDES/SN e militante da Resistência/PSOL
– Alexis Azevedo de Jesus, advogado, professor direito UFS, militante da Resistência PSoL
– Demétrio Varjão, Presidente PSOL Aracaju
– Ludymilla Santiago, Coordenadora das Casas de Acolhimento LGBTQIA+ do DF
RS
Kris
Maria Clara
Thais Santos
Gabriel Santos
Vitinho
Maria Caroline
Naíla
Ynaiê
Leticia
Pierre Tazzo
Ana Lauren
Duda G.
Maurício
Bella
Kendra
William
Caio
Marina Meirelles
Raíssa Rosário
RJ
– Karina Tosta
– Camille Gomes
– Vanessa Monteiro Cunha
– Michelly Santiago
– Aguiar Junior
– Larissa Moura dos Santos
– Edson Luiz Silva dos Anjos Santana
– Bruna Lira Ventura Ribeiro
– Zuri Moura Rabello
– Matheus Dias
– Frederico Maciel Said
– Gabriel Moreira Thomaz
– Tiago Pettenatti
– Bárbara de Araujo
– Daniel Vitor
– Bruna Frota
– Rachel Euflauzino
– Thamires Lopes
– Fernanda Martin
– Luiza da Motta Souza
– Maria Eduarda Santos Barbosa
– Maria Eduarda Ichida da Silva
– Kelly Santos
– Marco Guimarães
– Arthur Nunes da Silva Irmão
– Gabriel Corrêa Campos
– Yuri de Araújo Bielschowsky
DF
Karol Souza
Caio Rodrigues
Samuel Gomes
Jennyfer Caroline
Madu Krasny
SP
Maria Júlia Ananias
Letícia Lé Oliveira
Malu Nogueira
Beatriz Santos Silva
Daniela Bessoni
Osmar Fernandes
Otávio Henrique da Silva Lemes
Marcela Galdino e Matos
Ellen Alves Menezes
Ingrid Saraiva Tavares
Larissa Medeiros de Andrade
Raissa Clauss Rodrigues
Otávio Soares
Esther Leandra Palmeira Barros
Carla Beatriz Moreira Franco
Larissa Aparecida Landim Brisolla Pereira Pinto
Vitoria Gabriela aguiar de souza
Victoria Pereira de Souza
CE
Natanael Ribeiro da Silva
Francisca Marcia Miguel Constantino
Ranara Nascimento de Sousa
Maria Tatiana Félix dos Santos
Lariane de Sousa Porfirio
Milena Faria Castro
Francisco Wesley Pires Lima
Thais Iana Rodrigues Sousa
Maria Juliana Felix dos Santos
Samantha Kelly Gomes Cândido
Israel Marques Cavalcante
Ohana Pageú – Professora da rede básica do estado do Ceará, militante do coletivo Resistência Feminista e da Resistência/PSOL
Márcio Luis Matos Soares – Professor de História, especializado em História do Brasil
Fhelype Norões – Estudante de História/UFC
Lucas Estevão – Estudante de História/UFC
Ruth Andressa Oliveira Gomes – Estudante de psicologia
Tamires Coelho Marinho – Psicóloga
Jenniffer Joingley – Atriz e Publicitária (Atualmente em cartaz no filme Cabeça de Nêgo)
Francisco Marcos Freitas Cavalcante – Militante do PSOL/CE
Giambatista Brito – Militante do PSOL/CE
Eri Lima – estudante de Gestão de Políticas Públicas – UFC
PA
Airely Neves Pereira
Júlia Alves Martins
Marcus Vinícius Barbosa da Silva
Marcos Martins dos Passos
Ana Carolina Botelho Lucena
PE
Ana Risoflora
Arthur H.R. Antas
Aquila Alcântara
Beatriz Marques
José Rinaldo da Silva Filho
Suellen Stephanie de Azevedo
Marcela Martins
SE
-Marilia dos Santos Cerqueira;
-Valéria Luiza Nunes Bomfim
– Marcos Vinícios Rodrigues dos Santos
– Alessandro Reis Valverde
– Ivison Maury Pereira Santos
– Sarah Cordeiro Dias
– Marcelo J. dos Santos
-Joao Pedro Santos vieira
-Luiz Felipe santos Silva
MG
– Otávio Balbino
– Caroline Laurentino
– Maria Eduarda R Almeida
– Luiza Datas
– Rafael Marciano
– Mayk Alves
– Sophia Vieira
– Lucas Felomeno
– Késia Valeska
– Ana Carolina de Oliveira
– Maria Antônia Sartor
– Hudson Ditherman Francisco Rosa
Piauí
Maria Clara Rodrigues Gomes Souss
Eduardo Viana Lima
Trix Bia Pereira Gomes
Temis Maria Oliveira Patrocínio
Leila Sales Lago
Maria Luiza Ferreira da Silva
Lídia Ramos de Araújo
João Manoel Rodrigues de Melo
Brenda Marques
Bahia
Marina Amaral
Maria Costa
Priscila Costa
Gustavo Mascarenhas
Eduardo Arruda
Carol Paraná
Taylor Silva
Ian vou ver o sobrenome
Micaele Dantas
Daniel Braz
Ian lopes
Alagoas
Fernanda
Matheus
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