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MOVIMENTO

11A: Derrotar o golpismo e construir outro futuro! Fora Bolsonaro!

Brenda Marques*, de Teresina, PI, e Carol Leal**, de Belo Horizonte, MG

Hoje, no dia em que será derrotado o voto impresso na Câmara, Jair Bolsonaro assistiu em frente a Esplanada do Planalto o desfile de tanques militares blindados. Muito longe de uma “trágica coincidência”, como afirmou o presidente da Câmara, Arthur Lira, o desfile foi mais uma agitação golpista do presidente genocida, em uma tentativa de intimidar o Congresso Nacional chamando à radicalização de sua base à extrema-direita. Depois de todo o alarde, o que ocorreu passou longe de um golpe: um desfile esvaziado de dez minutos que só joga água no moinho da crise política.

Bolsonaro está enfraquecido diante do crescente desgaste de seu governo e, hoje, não tem força política e social para impor um golpe militar. Porém, suas ameaças são de enorme gravidade. Bolsonaro não esconde suas aspirações antidemocráticas e já coloca em marcha uma política ecocida e genocida. A campanha pelo voto impresso tem como principal objetivo pavimentar o terreno para a deslegitimação do resultado eleitoral em 2022 caso Bolsonaro não seja reeleito. Neste sentido, o desfile militar com o apoio do Ministério da Defesa, expressa simbolicamente a disputa por um projeto de nação saudoso dos tempos sombrios da ditadura militar, que deve ser combatido e derrotado.

É urgente ocupar as ruas pelo Fora Bolsonaro

No dia 13 de maio, dissemos: vamos às ruas porque fomos mortos dentro de casa. Ocupamos as ruas porque compreendemos que a maior ameaça à vida hoje é a presidência de um notório fascista. Bolsonaro está acuado – pelo seu isolamento internacional, perda de popularidade e as revelações da CPI envolvendo seu governo e membros das Forças Armadas nos escândalos de corrupção – mas não está derrotado. Não seremos intimidados pelas ameaças bélicas de Bolsonaro. O fascismo se derrota nas ruas e não podemos esperar até as eleições de 2022 para frear o genocídio em curso no país.

Arthur Lira tem em suas mãos mais de 130 pedidos de impeachment engavetados. Enquanto perdemos 564 mil vidas para a Covid, o presidente da Câmara dos Deputados está mais preocupado em aprovar a toque de caixa a agenda neoliberal de privatizações, como a privatização da Eletrobrás e dos Correios, retiradas de direitos dos trabalhadores e de ataques aos povos indígenas e seus territórios a favor dos grileiros e latifundiários.

Neste 11 de agosto, Dia do Estudante, a juventude novamente se colocará na linha de frente da luta pelo Fora Bolsonaro. Para nós, do Afronte, esta data tradicional de mobilização do movimento estudantil, está a serviço de fortalecer o calendário de mobilizações que seguirá no dia 18 de agosto com a paralisação do funcionalismo público, no dia 22 com o acampamento nacional Luta pela Vida do movimento indígena em Brasília e a manifestação nacional pelo Fora Bolsonaro convocada para o dia 7 de setembro.

…para defender a educação e o direito ao futuro!

Nunca foi tão necessário defender a educação pública. Em tempos de obscurantismo e negacionismo científico, as universidades públicas cumpriram papel essencial na produção de vacinas, EPIs e pesquisas voltadas ao combate à pandemia. Porém, o tratamento dado pelo governo à educação pública é o descaso e a precarização. As verbas destinadas ao Ensino Superior, incluindo as IFES públicas, que já haviam sofrido perda orçamentária de mais de R$ 3 bilhões entre 2016 e 2020, sofreram neste ano com mais R$ 8,9 bilhões de contingenciamento dos recursos. No que diz respeito à pesquisa, já contamos com o menor financiamento da história do CNPq, um total descaso. Esta política é condizente com o inédito apagão que ocorreu na plataforma Lattes, impedindo o acesso público aos dados que reconhecem a importância da produção acadêmica.

Além dos ataques ao ensino superior, a juventude vê suas condições de estudo cada vez mais ameaçadas. Em 2020 o ENEM registrou a maior evasão de sua história e muitos jovens têm evadido das escolas, em especial aqueles de baixa renda e situação de vulnerabilidade social, aprofundando ainda mais as desigualdades sociais e raciais em nosso país. Com menos condições de estudo, estamos entre a parcela da sociedade com menores condições de emprego. Mais um dos ataques de Bolsonaro à juventude, é o projeto encaminhado para a Câmara dos Deputados, que retira direitos do programa Jovem Aprendiz.

A juventude negra quer reparação: liberdade para Galo!

Paulo Galo ganhou destaque como porta-voz da luta dos trabalhadores de aplicativos por melhores condições de vida, contra a precarização do trabalho. O mandado judicial que determinou a prisão preventiva de Galo, que já completa 13 dias, usa como pretexto o fato de que o ativista seria mandante do protesto político que ateou fogo à estátua do bandeirante Borba Gato, na Zona Sul de São Paulo.

A prisão de Galo é racista e política porque busca silenciar as vozes daqueles que questionam a “história oficial”, trazendo à tona a verdadeira história de violência, estupros e genocídio cometido contra os povos indígenas e negros que foram escravizados. Derrubar os símbolos que celebram este passado é parte de nossa luta por reparação histórica, por um futuro onde haja justiça racial. A prisão de Galo quer sinalizar uma “luz verde” para a perseguição de ativistas e lideranças sociais que ameaçam as classes dominantes. Em São Paulo, o ato do dia 11 se juntará à manifestação pela liberdade de Galo. Prestamos todo nosso apoio e solidariedade.

Fora Bolsonaro! Impeachment já!
Ditadura nunca mais!
Pela liberdade imediata de Paulo Galo e todos os presos políticos! Lutar não é crime!

* Da Coordenação Nacional do Afronte!
** da Diretoria Executiva da UNE