Na manhã desta quinta-feira, 05, os movimentos de juventude Afronte e RUA promoveram uma ação simbólica em placas de ruas da cidade de São Paulo que homenageiam colonizadores e escravagistas. No lugar de Braz Leme, Fernão Dias, Cunha Gago, Jorge Velho, Anhanguera e dos Bandeirantes, foram colocados os nomes de figuras reconhecidas por seu histórico de luta pela garantia da vida e dos direitos do povo negro e indigena como Lélia Gonzalez, Marielle Franco, Dandara dos Palmares e Paulino Guajajara.
A luta contra o genocídio negro e indígena também inclui a disputa pela memória e história do nosso país – erguido sobre o sangue e a resistência da população negra e dos povos indígenas – e está inserida em um contexto internacional de ascenso antirracista: que têm como um de seus marcos o questionamento de símbolos colonialistas.
É também parte desse mesmo reflexo a ação contra a estátua de Borba Gato, feita por ativistas do movimento Revolução Periférica no último dia 24. A partir da repercussão do ato, veio à tona um importante debate sobre símbolos colonialistas, escravagistas e autoritários em espaços públicos da cidade. E como uma forma de criminalização dos movimentos sociais que visam promover esse debate, há 8 dias lutamos pela liberdade da liderança do movimento Revolução Periférica Paulo “Galo” Lima, detido de forma arbitrária.
É inaceitável que num regime democrático se prendam pessoas por realizar um ato político legítimo. A luta pela liberade de Galo é uma luta democrática, antifascista e precisa ser defendida por todas nós!
Locais como o Monumento aos Bandeirantes, Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, Bartolomeu Bueno da Silva (Anhanguera) – e tantos outros monumentos que figuram nosso espaço urbano – precisam ser compreendidas não apenas como uma página de um livro sobre a história do Brasil, mas como a exaltação de um passado colonial e escravista, através de um memorialismo supremacista branco e eurocentrado.
São Paulo deve ser cada vez mais do e para o povo negro e indígena. Fazer com que isso seja possível passa por incendiar as ideias racistas que mantém de pé a homenagem aos algozes do povo negro e do povo indígena. Na ação de hoje, inspirada pelas tantas lutas do movimento negro brasileiro contra o genocídio (no passado e no presente), está o avesso do mesmo lugar: um pouco da história não contada do nosso país, ocupando o lugar que sempre deveria ter ocupado, que é o das homenagens e do reconhecimento!
Viva as Dandaras, Lélias e Guajajaras que resistiram bravamente! Viva as e os lutadores que hoje batalham pela vida do povo negro e do povo indígena! Lutar não é crime! Liberdade para Galo já!
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