Dizem que economia é “a ciência triste”: só trata de números, estatísticas e medições impessoais, quase sempre complicadas.
Não é isso: economia é o modo e o meio das pessoas, vivendo em sociedade, conseguirem sua sobrevivência. Avaliar a economia de um país nunca é aferir apenas um dado.
O noticiário estampa que o PIB do Brasil cresceu 1,2% no primeiro trimestre desse ano, em comparação com o trimestre anterior. O “mercado” ficou surpreso e aplaudiu (“mercado” é um ente a quem dão características humanas, mas é frio e calculista: é o tal “ambiente de negócios” dominado pelo capital financeiro).
Curiosamente, os mesmos jornais que destacam o crescimento do PIB dizem que ele foi desigual e não chegou aos mais pobres. O setor de serviços, o que mais emprega no país (1 em cada 3 postos de trabalho vem daí), só avançou 0,4%. Está 9,5% abaixo do nível pré-Covid.
O desemprego também cresceu, beirando agora os 15%. E o desinvestimento público, com o corte de recursos para áreas estratégicas, como educação, ciência e tecnologia, é imenso.
O Brasil voltou a figurar no mapa da fome, e os programas sociais minguam. A inflação, sobretudo de alimentos e combustíveis, está galopante.
O PIB revela, sobretudo, o potencial de uma economia. Independe, em certos aspectos, até dos governos. O Brasil tem enorme riqueza natural (uma das maiores biodiversidades do planeta), grande malha consumidora (mercado interno, mas nesse caso falo de… gente!) e expressivas commodities, isto é, produtos de exportação – como soja, petróleo, minério de ferro, ativos pecuários e avícolas etc.
Essa é a grande força da nossa economia. Produzida por quem trabalha, pelas mãos operárias, camponesas, servidoras de todo tipo. O trabalho – muito mal remunerado entre nós, ao contrário do grande capital – é o verdadeiro criador de toda riqueza!
General Médici, o mais sanguinário presidente da ditadura, diante de um PIB que crescia em níveis “chineses” (no chamado “milagre brasileiro”) cunhou uma frase histórica: “a economia vai bem, mas o povo vai mal”.
PIB e Renda Per Capita, por si mesmos, não trazem o retrato mais nítido e completo da nossa economia. É preciso juntar a eles distribuição de renda, emprego, índices de pobreza, custo e qualidade de vida (moradia, saneamento, alimentação), escolaridade, eficiência e amplitude dos serviços públicos, cuidado ambiental.
Economia é vida digna para todas as pessoas. Nesse aspecto geral, o Brasil, historicamente desigual, só tem piorado.
Aqui sempre estivemos livres de grandes desastres climáticos. Com o aquecimento global, até isso anda se alterando. Passamos a sofrer com enchentes e desertificação frequentes.
Mas ainda temos toda possibilidade de fazer dessa vergonha uma Nação. Depende de aumento da consciência, organização e luta do povo para melhorarmos nosso FIB (Felicidade Interna Bruta), indicador mais totalizante criado pela ONU.
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