As eleições do último domingo em Joinville (SC), cidade industrial e com trabalhadores de diversos segmentos, resultaram em uma bancada parlamentar composta, quase em sua totalidade, por candidatos da direita e extrema direita e pautas que não priorizam os problemas mais sentidos da maioria da população. Mas uma expressiva votação oxigenou a esquerda e garantiu o mandato da professora Ana Lúcia Martins, mulher negra e militante histórica do PT e do movimento negro na região.
Ana Lúcia é a primeira vereadora negra na história de Joinville e sua eleição é fruto de uma vitoriosa organização coletiva do movimento negro e outros movimentos sociais de Joinville que compreendem a gravidade da conjuntura e a necessidade de frentes e unidades para derrotar a extrema direita, que segue com uma audiência na cidade superior à média do país.
Sem ainda assumir seu mandato parlamentar, a professora Ana Lúcia Martins recebeu duas ameaças de morte
A unidade e resistência que assegurou um mandato pautado nas reivindicações do movimento negro da cidade é de tamanha relevância e urgência que, antes mesmo de assumir o cargo, os ataques covardes de racistas criminosos se iniciaram através do uso e impulsionamento de perfis fakes nas redes sociais. E sem ainda assumir seu mandato parlamentar, a professora Ana Lúcia Martins recebeu duas ameaças de morte e, uma delas ‘sugere’ que a vaga ficaria com o suplente; um homem branco.
Tais ataques criminosos demonstram não somente o quanto ‘incomoda’ uma cadeira da Câmara Municipal estar ocupada por uma mulher negra como, ainda, o quanto seu mandato pode ser um ponto de resistência do povo trabalhador e de todos os oprimidos da cidade, no incansável combate contra todos os atos e manifestações criminosas que ‘normalizam’ o racismo e sustentam o mais perverso e abominável ódio social decorrente, ainda, do racismo estrutural intensificado pelo governo Bolsonaro. As constantes e deploráveis declarações do presidente da República, misóginas, racistas, chauvinistas, homofóbicas, que percorrem todo o baixo espectro do chauvinismo arrivista é o que alimenta e estimula atitudes como as ameaças contra Ana Lúcia Martins, ao elevar o moral de gente que pretende resolver suas divergências pela eliminação física do contraditório. Não permitiremos!
A Resistência PSOL vem expressar total solidariedade à Ana Lúcia Martins e exigir rigorosa apuração e punição a todos os racistas que a ameaçaram. Compreendemos que a solidariedade de classe se faz por meio de ações, muito mais que por meio de declarações. Por isso colocamos nossa militância à disposição para cerrarmos fileiras em atos de repúdio aos racistas e de apoio à Ana Lúcia, bem como estaremos presentes para combater qualquer desses racistas que tentem concretizar suas intenções.
Não toleraremos e daremos combate aos racistas, fascistas e todos preconceituosos de extrema direita utilizando todos os meios necessários, até que eles retornem aos esgotos de onde saíram e estejam definitivamente condenados ao seu lugar que é a lata de lixo da história.
Nenhuma liberdade aos inimigos da liberdade!
Racistas não passarão!
Toda solidariedade a Ana Lúcia Martins!
Vidas negras importam! O ataque a um é um ataque a todos!
Unidade de esquerda em frente única antirracista para derrotar a extrema direita!
Joinville, 18 de Novembro de 2020.
VÍDEO | Matheus Gomes, vereador eleito pelo PSOL de Porto Alegre, condena a ameaça à Ana Lúcia
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