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BRASIL

MEC nomeia reitor não eleito na UFPB: a democracia e a autonomia universitárias estão de luto!

Marcelo Sitcovsky*
Reprodução da TV. Duas jovens estão acorrentadas aos puxadores da porta de vidro da reitoria. Outros estudantes também estão juntos, sentados no chão.
Reprodução TV Cabo Branco

Estudantes se acorrentaram na porta da reitoria, em João Pessoa,

A nomeação do professor Valdiney Gouveia para o cargo de dirigente máximo da UFPB expressa sim um ataque profundo à estes dois princípios fundamentais conquistados duramente – democracia e autonomia.

Este ato do presidente da República certamente corrobora com os processos praticados no interior da UFPB, antes, durante e após todo o processo eleitoral. É preciso não perder de vista em nossas análises, sob pena de operar uma enorme mistificação, que setores da UFPB contribuíram enormemente para esse triste resultado.

O poder discricionário da Presidência da República, lógico faz dele é o principal responsável. No entanto, não é possível desprezar que este cenário também é fruto de articulação de alguns setores da própria UFPB, que não têm nenhum apreço pelos processos democráticos.

Desde o início, quando da elaboração da resolução que disciplinou o processo eleitoral para subsidiar a formação da lista tríplice, estes setores revelaram sua pior face. As conquistas democráticas, que historicamente resultam das lutas e dos movimentos de gerações que nos antecederam, foi alvo de ataques internos – que não sobre dúvidas quanto à está questão, revelam um profundo desprezo pela democracia universitária.

Embora a nomeação possua verniz de legalidade, expressa um extraordinário desrespeito pelo processo democrático. Nunca é demasiado lembrar que o nomeado obteve um retumbante e inexpressivo (o que pode parecer uma contradição em termos) resultado na consulta eleitoral.

Na reunião conjunta dos Conselhos Superiores da UFPB, responsável pela elaboração da lista tríplice, o nomeado ao cargo máximo da universidade não obteve nenhum voto – a síntese é inescapável, trata-se de um mandato ilegítimo.

Protestar é o mínimo que os comprometidos com os princípios da autonomia e democracia universitárias devem fazer.

Luto também é verbo!

Essa nomeação é um escárnio frente a história construída pelas gerações passadas, que promoveram lutas pela defesa da universidade pública, gratuita, democrática e de qualidade. Outrossim, é um golpe contra a atual geração que se dedica à construção da universidade pública.

Esse golpe foi articulado nos corredores palacianos, mas contou com a cumplicidade daqueles que deveriam, desde a proclamação do resultado da consulta eleitoral, ter defendido e se empenhado para garantir a consigna Reitora eleita, Reitora empossada.

*Marcelo Sitcovsky é professor  da UFPB.