Pular para o conteúdo
BRASIL

Comunidade universitária recusa-se a aceitar golpe na escolha do novo reitor da UFS

Através de um “Colégio Eleitoral Especial”, atual reitor tenta legitimar uma intervenção na reitoria da Universidade Federal de Sergipe

Carlos Fernandes, de Aracaju, e Kelly Santos, de Itabaiana, SE
Divulgação

Valter Joviniano de Santana Filho e Rosalvo Ferreira Santos receberam 37 votos dos 82 conselheiros.

Em reunião com o “Colégio Eleitoral Especial”, o reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ângelo Antoniolli, passou por cima da democracia universitária e elegeu indiretamente e de forma antidemocrática e autoritária a chapa com seus sucessores, que não haviam se inscrito no processo de consulta pública.

Em dezembro de 2019 se iniciou o processo eleitoral para a escolha do futuro reitor. Em reunião com as entidades, o Reitor Ângelo Antoniolli garantiu que respeitaria a consulta pública e que já tinha candidato para inscrever no processo. 

Contudo, o que ocorreu foi a consolidação de um golpe à democracia universitária que estava sendo arquitetado desde fevereiro deste ano, quando Ângelo não reconheceu a comissão eleitoral, não inscreveu chapa na consulta pública e lançou seu candidato em reuniões com Diretores de Centro e de Campus, além, é claro, com seu grupo de Pró-Reitores. 

Inicialmente, Ângelo se posicionava alegando que a consulta não tinha importância. Mas no dia 2 de junho, as entidades foram convocadas para uma reunião com subordinados do reitor, na qual propuseram a liberação do SigEleição em troca da inclusão da “chapa da reitoria” no processo de consulta pública. Notamos a partir dessa contextualização que o único interesse de Ângelo era manter seu grupo no poder, independentemente do que tivesse que fazer. Com isso, atropelou a comunidade acadêmica, sujou sua história de 16 anos à frente da universidade, e elegeu de forma explicitamente desrespeitosa um sucessor para continuar no poder da UFS.

Na manhã desta quarta-feira (15/07) se reuniu o “Colégio Eleitoral Especial” convocado a fim de montar a lista tríplice para a escolha dos futuros reitor e vice-reitor da UFS durante os próximos 4 anos. A sessão foi marcada por protestos e irregularidades, mas no seu início teve a introdução do reitor informando que não haveria discussão, a reunião seria exclusivamente para a realização da votação. 

Com base nessa posição, conselheiros e conselheiras só poderiam falar com a solicitações de Questões de Ordem para se posicionar a respeito da votação, tendo seus microfones fechados pela secretaria dos conselhos se a fala não fosse de acordo com o interesse do reitor. A partir de um certo ponto Ângelo abandonou a sessão por 2 horas, seguindo assim diversas declarações, protestos e posicionamentos condenando política e juridicamente a validade desse colégio eleitoral. 

Os eleitos para os cargos de reitor e vice-reitor foram Valter Joviniano de Santana Filho (atual vice-reitor) e Rosalvo Ferreira Santos (atual pró-reitor de planejamento), ambos com 37 votos num total de 82 conselheiros presentes. A ata da reunião foi lida e a partir daí diversos conselheiros se manifestaram com relação a não correspondência daquele documento com o que de fato foi a reunião, e os conselheiros negaram-se a assinar a ata e saíram da plataforma.

 

SAIBA MAIS

Os intocáveis: o golpe da reitoria contra a consulta pública da UFS