Por: Sarah Arnold, 19 anos, estudante de Ciências Sociais da UFSC
Nesta sexta-feira (18), o Diretório Central de Estudantes (DCE) Luís Travassos da UFSC, dirigido por estudantes ligados ao Movimento Liberal e pela UJS, lançou uma nota em sua página pedindo aos estudantes que são contrários às ocupações que mandem provas que criminalizam o movimento, como fotos, vídeos e relatos. A entidade irá entregar o material ao Ministério Público Federal à tarde, junto a um documento que pede a desocupação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC.
Segue, na íntegra, o conteúdo da nota, também disponível no link:
“Na tarde de hoje o DCE irá entregar uma representação no MPF a respeito da situação da ocupação e direção do CFH da UFSC. Estamos há alguns dias realizando a construção desse documento e pedimos a todos que possam colaborar com relatos, fotos e vídeos, entrem em contato pelo inbox desta fanpage ou enviem por e-mail [email protected] até às 15h de hoje para que possamos seguir a diante com este procedimento.
Na semana passada o DCE contatou a direção do CFH por ofício pedindo que medidas fossem tomadas para garantir os direitos dos estudantes e até o presente momento não teve nenhuma resposta do diretor.
A respeito das demais situações que estão ocorrendo em outros centros de ensino nesta semana, bem como omissão por parte da reitoria, estamos já tomando devidas providências para tal, além de que logo iremos lançar nota que contempla nosso posicionamento e ações a respeito.
Contamos com a colaboração e auxílio de todas e todos para passarmos por esse momento difícil na UFSC”.
Este não é o primeiro ataque à democracia estudantil feito pelo DCE da UFSC. Neste mês foi feita uma consulta online, impulsiona pela entidade, sobre os estudantes serem favoráveis ou não à PEC 241 e à Greve Geral, sem que antes promovessem qualquer tipo de debate ou atividade sobre os temas para que a comunidade universitária pudesse discutir o que seria votado.
Na consulta, segundo informações do DCE, houve a participação de 9.033 estudantes. Em relação à primeira questão, sobre a Proposta de Emenda à Constituição n.º 55 (PEC 55), 6.168 (69%) manifestaram-se contrários, e 2.762 (31%) foram a favor. Em relação à segunda questão, sobre a proposta de uma greve geral estudantil, 5.596 (62%) manifestaram-se contrários, e 3.438 (38%) manifestaram-se favoráveis. A entidade disse que se submeteria à posição mais votada pelos estudantes, mas até hoje não lançou nenhuma nota contrária à PEC 241/55.
O Coordenador Geral do DCE, após a Assembleia Geral de Estudantes da UFSC, que foi convocada através do Conselho de Entidades de Base, pois o DCE se recusou a convocá-la, postou no grupo da UFSC no Facebook deliberações que não haviam sido aprovadas em assembleia, com o intuito de criar um clima de tensão entre estudantes pró-ocupação e estudantes contrários. Além disso, até o momento, a entidade não se posicionou sobre as agressões do Pró-Reitor Felício Margotti contra estudantes do CCE, que ocorreram na tarde de ontem. Estes são alguns exemplos das atitudes tomadas por nosso DCE.
Os Diretórios Centrais de Estudantes das universidades cumpriram uma papel fundamental na resistência contra a ditadura militar e têm a função de defender os interesses e direitos dos estudantes. Criminalizar movimentos legítimos, com deliberações votadas em assembleias estudantis e criar mentiras para colocar estudantes contra estudantes é um método burocrático e vergonhoso de construir a entidade.
Exigimos que a UJS, que em vários estados do país está construindo o movimento de ocupações e que é contra a PEC 241/55 e a MP de Reforma do Ensino e que faz parte da gestão do DCE da UFSC, se posicione sobre a nota lançada na página do DCE e todas as outras denúncias feitas nesta matéria. É, no mínimo, uma contradição que a UJS continue construindo uma gestão que quer criminalizar o movimento de ocupações na UFSC, enquanto lutam Brasil afora contra os ataques do governo do golpista Temer.
É necessário que construamos uma ampla frente de esquerda na UFSC, que se coloque contra os ataque da reitoria e do DCE. Não vamos aceitar que criminalizem nosso movimento.
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