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Cinco motivos para chamar Bolsonaro de genocida

Clauber Cleber Caetano/PR

O presidente Jair Bolsonaro participa, de reunião por vídeoconferência,

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

Genocida é quem causa propositalmente a morte de um povo ou de parte dele. E uma parte do povo brasileiro está morrendo de Covid-19 sob o governo Bolsonaro. Os defensores do presidente dizem que ele não tem nada a ver com isto. Afinal, o distanciamento social foi responsabilidade dos governos estaduais e municipais, após decisão do Supremo Tribunal Federal. Mas isto não tira a culpa de quem está na cadeira de Presidente da República.

O Governo Federal tinha uma série de obrigações que não foram afetadas com a decisão do Supremo.  Mas mesmo assim, Bolsonaro agiu propositalmente para que as pessoas se contaminem. Podemos, sem medo de errar, chamar o atual governante de genocida por no mínimo cinco motivos:

1 – O Brasil é o pior país do mundo no combate à pandemia e os pobres são os que mais morrem 

Se avaliarmos os dados do dia 12 de maio de 2021, o Brasil era o 13º pior país em mortes por milhão de habitantes entre 222 países e territórios. Os dados são do wordometers, uma das melhores fontes de estatísticas do mundo, de acordo com a Associação de Bibliotecas dos Estados Unidos. 

Neste dia, nós estávamos na posição de pior país do mundo fora da Europa, que foi atingida de surpresa no meio do inverno no começo de 2020. E no inverno a contaminação por Covid-19 piora muito. 

Isto não aconteceu só na Europa, mas em todos os países do Hemisfério Norte, onde a doença chegou no inverno, entre dezembro e março de 2020. No Hemisfério Sul, onde o Corona Vírus chegou no verão, a contaminação foi menos pior. E adivinha quem foi o pior país do Hemisfério Sul até o dia 12 de maio? O Brasil

Mas se nas estatísticas estamos mal, a realidade é ainda pior. A Itália, no dia 12 de maio de 2021, tinha quase o mesmo número de mortes por milhão que o Brasil. Mas para cada teste feito aqui, foram feitos cinco testes por lá. Fizemos até 12 de maio cerca de 218 testes por milhão de habitantes, sendo o 115º país em testagens. Todos os países que estão na frente do Brasil na lista de mortes fez mais testes que a gente. Ou seja, talvez o único motivo de não sermos campeões mundiais de vidas perdidas seja a falta de testagem.  

E quem é que morre? De acordo com o Jornal “A Tarde”, de Belo Horizonte, 70% das internações por Covid-19 são de pessoas que trabalham na limpeza, como empregados domésticos ou outros empregos precários. Além disso, de acordo com dados oficiais, os desligamos do trabalho em função de morte no Brasil bateram recorde em profissões como motoristas e porteiros

2 – Bolsonaro sabotou o distanciamento social com sua política econômica

Nos primeiros dias da pandemia, o índice de isolamento social estava alto, começando a cair em abril de 2020. Era a hora do governo dar um bom empréstimo para as pequenas empresas e um auxílio emergencial para a população. Isto teria garantido o distanciamento e o vírus não teria se alastrado. Foi uma oportunidade única.

Mas apenas 18% das micro e pequenas empresas conseguiram empréstimo para enfrentar a pandemia até julho de 2020. A Atitude foi proposital para que os pequenos empresários fossem contra o fechamento do comércio. 

O auxílio emergencial de R$ 600,00 saiu apenas em abril de 2020. Isto porque o governo ficou brigando com o congresso por um auxílio de apenas de R$ 200,00. Os trabalhadores de menor renda se sentiram inseguros e acabaram saindo de casa para garantir seu sustento. O auxílio poderia continuar sendo de R$ 600,00 por muitos meses se os mais ricos pagassem mais impostos, mas Bolsonaro não tomou nenhuma atitude.  

A ajuda veio tarde demais e todo mundo já estava nas ruas. Em julho de 2020, o governo gastou menos de um terço das verbas de combate à Covid-19. Daí em diante, foram meses de economia sufocada pelos efeitos da pandemia e dezenas de milhares de mortes. 

O Presidente insiste em dizer que o distanciamento social não é eficaz e quebra a economia. O município de Araraquara fez o chamado lockdown, um fechamento rigoroso do comércio. Não há notícias de empresas quebrando, mas as mortes foram reduzidas em 80%. O Maranhão, estado mais pobre o país, também fez um lockdown sem que a economia quebrasse.  

3 – O Sistema Único de Saúde também foi sabotado

A cena do militante bolsonarista agredindo uma enfermeira se tornou o símbolo do desprezo dos grupos organizados em torno do Presidente. Mas isso ainda é pouco. Bolsonaro incentivou pessoalmente a invasão de hospitais, colocando diretamente várias vidas em risco. Com profissionais desacreditados, desmotivados e preocupados com atentados contra seu trabalho, fica mais difícil salvar vidas. 

Isto sem falar nas mais de 20 vezes em que o genocida deliberadamente atrasou a compra de vacinas. Além disso, o governo deixou milhões de testes de Covid-19 parados e abandonou a meta de testagem. O Ministério da Saúde tirou o corpo fora e não se responsabilizou por testes, respiradores e máscaras. Um dos piores exemplos deste descaso foram as mortes em Manaus por falta de oxigênio. Bolsonaro também cancelou a compra do kit entubação e não estabeleceu protocolos de internação

4 – Bolsonaro usou a “caneta” para ajudar o vírus 

Apesar das medidas de fechamento do comércio serem responsabilidade dos governos estaduais e municipais, algumas regulamentações nacionais são responsabilidade do Governo Federal. E o Presidente fez o que pode para atrapalhar. Em maio de 2020, Bolsonaro publicou um decreto liberando o funcionamento de academias e salões de beleza. Em julho do ano passado, ele vetou artigos da lei que obriga as pessoas a usarem máscara. E agora ele ameaça publicar um decreto proibindo qualquer medida de distanciamento. 

O Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e a Conectas Direitos Humanos analisou mais de 3 mil normas publicadas pelo Governo Federal em 2020 e chegou à conclusão que houve uma política institucional para a propagação do vírus.  

5 – O governo fez uma verdadeira campanha a favor da Covid-19

Não foi só omissão. Bolsonaro usou os recursos à sua disposição para levar as pessoas a se contaminarem. Por mais de um ano ele fez várias falas minimizando os riscos da doença e tentou esconder os dados sobre a pandemia. Por meses ele fez uma campanha contra as vacinas

Além disso, o genocida incentivou o tempo todo o uso de remédios que não funcionam. E fez pouco caso dos cuidados sanitários, saindo em público sem máscara por diversas vezes. Incluindo nas várias “caravanas da morte” contra o distanciamento social.  E o mau exemplo foi seguido. O número de mortes em cidades onde o atual Presidente ganhou as eleições foi maior.  

 

(Texto atualizado em 04/06/2021)

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Fora Bolsonaro