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BRASIL

Reunião da Campanha Fora Bolsonaro nesta sexta, 22, deve marcar ato contra golpismo

Frente Povo Sem Medo propõe dia de luta em 31 de julho

da redação
Faixa onde se lê "Somos pela democracia", com torcedores com punhos erguidos.
Pam Santos / @soupamsantos / Fotos Públicas

Manifestação dos torcedores antifascistas em 2020.

O governo Bolsonaro avançou nos ataques ao sistema eleitoral e, na reunião com os embaixadores, deixou evidente ao mundo a intenção de não reconhecer o resultado das eleições ou mesmo sua realização. Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, permanecem em silêncio, movimentos sociais debatem a necessidade de responder às ameaças com mobilizações de rua.

O principal momento desse debate ocorrerá nesta sexta-feira, 22, na reunião de emergência da coordenação da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, espaço unitário que cumpriu importante papel em 2021, promovendo grandes atos de rua que pediram o impeachment. A campanha é composta por frentes de luta, como a Povo sem Medo e a Brasil Popular, e movimentos como a Coalizão Negra por Direitos, MST, MTST, UNE, CMP, centrais sindicais e partidos, como PT, PSOL e PCdoB.

Em reunião preparatória no dia 19, as organizações que compõem a Frente Povo Sem Medo, entre elas o coletivo Afronte!, discutiram propostas a serem levadas ao encontro de sexta. A principal é a realização de um dia nacional de luta, com atos de rua nas principais capitais, tendo como eixo a luta contra as ameaças golpistas, e também denunciando a inflação, o desemprego e a fome. A Povo Sem Medo aponta o dia 31 de julho, no final de semana, como possível data para estes atos. A frente destaca ainda a importância de fortalecer as atividades do dia 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, no Julho das Pretas, que ocorrerão em todo o país.

Outro ponto que será discutido é o que fazer diante dos atos golpistas que estão sendo preparados para 7 de setembro. A Povo Sem Medo discute com vários movimentos sociais a proposta de atos no dia 10 de setembro, em resposta ao desfile golpista. “Nós temos que botar centenas de milhares, milhões de pessoas nas ruas em defesa da democracia, para responder a ofensiva autoritária deles”, afirmou Guilherme Boulos, coordenador do MTST e dirigente do PSOL, em atividade recente no Vale do Paraíba. A frente defende que sejam preparados e amplamente convocados, evitando a experiência de 2021, na disputa pelas ruas no 7 de Setembro, e também confrontos de rua, em um cenário marcado pela violência política bolsonarista.

Em entrevista recente, Valerio Arcary, dirigente do PSOL e colunista do EOL, aponta o 7 de Setembro como o ápice da campanha eleitoral. “Nós temos tempo ainda para nos preparar para a primeira quinzena de setembro, que será o momento mais dramático da campanha. Nós temos que construir, preparar desde já e acumular forças para derrotar o bolsonarismo nas ruas.”

Mobilização ou espera?

A se guiar pelas declarações da maior parte das lideranças e notas divulgadas, a reunião deve aprovar uma jornada de luta. “É preciso forte reação popular contra a tentativa de golpe, por eleições livres e democráticas”, diz Raimundo Bomfim, coordenador da Central de Movimentos Populares, em artigo divulgado no site da CMP.

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) também se pronunciou nesse sentido, com um vídeo (abaixo) convocando a mobilização popular. “Ele (Bolsonaro) já deixou explícito que quer dar um golpe de Estado. Se outubro é fundamental para fazer a travessia, a hora de enfrentar o golpe é agora. Todo mundo na rua para defender o pouco de democracia que ainda nos resta”, afirmou.

Mas apesar do repúdio amplo, nos movimentos sociais já é possível perceber caminhos distintos diante dos ataques golpistas. Ao mesmo tempo em que lideranças defendem a retomada dos atos e a mobilização, algumas vozes já defendem que isso significaria “provocação” e facilitaria a ação do golpismo. Um grave erro, que, ao contrário, permitiria que o neofascismo avançasse sem reação e aparentasse uma hegemonia que não possui. “Nós temos que conquistar a supremacia nas ruas para garantir que a derrota de Bolsonaro nas urnas tem sustentação em uma maioria social e antifascista. A hegemonia das ruas tem que estar no campo dos que defendem as liberdades democráticas”, destaca Arcary.

Como bem lembra Guilherme Boulos, ao falar da necessidade de enfrentar o neofascismo nas ruas. “Eles crescem quando a gente se esconde. Eles crescem quando a gente recua”.

 

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