Pular para o conteúdo
BRASIL

Mobilização é o caminho para barrar o golpismo e defender a democracia

da redação
TV Brasil/Reprodução

Na tarde desta segunda-feira, 18, Bolsonaro realizou um encontro em Brasília com vários embaixadores no qual, dando continuidade à sua saga golpista, voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, o TSE e o STF. Neste encontro, convocado por meios oficiais, diga-se de passagem, e com o objetivo de provar supostas evidências técnicas de fraudes eleitorais anteriores, Bolsonaro requentou argumentos que têm usado contra as urnas eletrônicas, para questionar uma possível derrota eleitoral, a exemplo do seu aliado Donald Trump.

Enquanto exibia em um telão cenas de motociatas para tentar convencer os embaixadores de sua pretensa popularidade, Bolsonaro falou da possibilidade de ataque de hackers às urnas eletrônicas, as mesmas que o elegeram, ignorando o fato de que elas não operam de modo online, como um computador ligado no wifi por exemplo, e sem apresentar qualquer prova. Em um apelo desesperado, desenterrou até mesmo o processo eleitoral de 2014, reconhecido e aceito pelo próprio PSDB de Aécio Neves.

O que Bolsonaro buscou com essa reunião foi a chancela internacional para as tentativas golpistas que vem ensaiando de forma mais intensa, pelo menos, desde o 7 de Setembro de 2021, coisa que parece não ter conseguido, haja visto o silêncio sepulcral e vexaminoso dos embaixadores ao final de sua pregação golpista.

Trata-se também de um discurso para retirar as atenções dos problemas do país, como a fome e o preço dos combustíveis. Mas não são bravatas que podem ser ignoradas. Nada diminui a gravidade da situação política e o significado desta reunião. Bolsonaro dissemina o ódio e busca criar um clima de intimidação nas ruas, no qual qualquer pessoa com identificação com referências à esquerda se sinta ameaçada. O assassinato do petista Marcelo Arruda é o maior símbolo do resultado do discruso de ódio bolsonarista.
Com o encontro, Bolsonaro deu um passo gigantesco da escalada golpista, avisando ao mundo que não pretende aceitar o resultado das urnas. Seu discurso deve ser entendido como uma ameaça à própria realização do pleito. Neste sentido, a questão já não é apenas o que ele fará, mas o que farão todos os que estão ameaçados por seus atos.

As principais instituições se posicionaram, condenando o discurso. O ministro e presidente do TSE, Edson Fachin, chamou a encenação de “caminho da desinformação”. Setores da imprensa, como a Folha de S. Paulo, o grupo Globo e o New York Times, também divulgaram editoriais e opiniões contrárias. Contudo, apostar que as instituições brasileiras, as mesmas que ajudaram no golpe de 2016 e na prisão de Lula, permitindo a gestão do neofacismo bolsonarista, solucionarão só qualquer tentativa golpista é um equívoco. Ou que o Congresso Nacional, comprado com o Orçamento secreto, possa fazer algo diante dos crimes de responsabilidade cometidos. Seja pela fragilidade diante do apoio das forças armadas, ou até pela própria contaminação das ideias bolsonaristas, é provável que as instituições se limitem a notas, reuniões e discursos.

As ameaças golpistas precisam ser fortemente denunciadas, enfrentadas e urgentemente derrotadas. Neste sentido, o caminho passa pela mobilização de rua, por uma forte campanha de massas em defesa da garantia da eleição e da vitória de Lula, e de uma ampla unidade com todos os setores sociais e instituições que estejam neste momento em defesa da democracia.

Lula, indiscutivelmente o nome da esquerda com maior popularidade, tem feito declarações importantes contra a aventura golpista de Bolsonaro em suas redes e nos atos e denunciou a reunião com os embaixadores e as “mentiras contra a democracia”. Mas será preciso muito mais.

É hora da luta antifascista que vimos no #EleNão em 2018, nos atos das torcidas e ao longo de 2021, tomar as ruas do país novamente até outubro. Essa é a única garantia de desarticular a tentativa golpista em curso, derrotar Bolsonaro e assegurar o resultado das eleições.