Orlando Morando, o prefeito de São Bernardo do Campo, quis mostrar ser um administrador responsável ao se diferenciar de Bolsonaro, que simplesmente ignora o perigo representado pela pandemia atual. Apesar de tomar medidas como, encerrar as aulas, suspender os comércios não essenciais, interditar vias, praças e ciclovias, faz da sua aparição na internet através de suas lives e vídeos de ruas sendo “desinfetadas” uma grande propaganda.
O isolamento social é sem dúvidas uma necessidade, porém não é suficiente. Além dele ser sistematicamente atacado pelo governo federal e afrouxado pelas esferas estaduais e municipais, não consegue conter a expansão do contágio sem políticas de supressão como a testagem em massa e isolamento dos doentes, além dos que tiveram contato com estes. Porém, a prefeitura que economizava 1 milhão por dia, só começa a realizar testes em massa nos profissionais da saúde do município quando já estamos alcançando o momento mais crítico da pandemia. Além disso, pesará a não inauguração do Hospital de Urgência do Centro. Sequer a construção emergencial de um hospital de campanha é realizada por uma das cidades mais ricas do estado mais rico do país, uma das primeiras em que o novo coronavírus chegou.
Sem a solução destes problemas centrais, a prefeitura despeja nos trabalhadores a carga da enorme crise social que se aproxima. Os trabalhadores da educação estiveram com os da saúde na campanha de vacinação da gripe, com dificuldades para conseguir até simples máscaras, além das escolas estarem atendendo trabalhadores nas ações de cadastramento do seguro-desemprego, com sistemas falhos que geram transtorno. São feitas convocações repentinas após as 21h da noite para saídas do homeoffice e realização de trabalhos de levantamento de dados e atendimentos nas unidades escolares. Além disso já ter ocorrido para uma ação no sábado, agora chegaram ao cúmulo de exigir que os trabalhadores atendam um grande número de pessoas no feriado do 1º de Maio, dia de luta do trabalhador, horas trabalhadas que serão apenas “horas-crédito”.
Os munícipes receberão algo que é direito seu, os cartões de merenda escolar, com um valor de R$85,00 por criança. Direito, afinal, as crianças não estão indo à escola, então o município não gasta com a merenda, logo, nada mais justo do que empregar esse valor para as despesas domésticas. Porém, Orlando Morando transforma isso em mais uma grande ação de propaganda, com encartes publicitários desnecessários e péssima organização, que contrasta com a exigência para os trabalhadores que estão na linha de frente do atendimento de velocidade nas ações. A pressão psicológica é extrema nestes dias, muitos relatavam crises de stress e ansiedade pelo acúmulo de tarefas internas e atendimentos.
Esta administração é conhecida por colocar um enorme peso em propaganda, chegando a contrariar o código de trânsito para pintar ciclovias de azul, cor do partido do atual prefeito, e renovar contratos que somam até 32,8 milhões em serviços de comunicação e marketing. Qual o objetivo?
Defendemos o isolamento social, mas não só isso, a prefeitura deve apresentar um calendário de planejamento de ações com tempo hábil para aquelas que são indispensáveis no momento. A entrega de cartões, entre outras necessidades, pode ser realizada com organização se os trabalhadores forem ouvidos, sem atacar direitos, e garantindo o isolamento social. Para os que são convocados para trabalho presencial, exigimos EPI’s adequados e suficientes, máscaras descartáveis para que sejam trocadas de 2 em 2 horas, viseiras de acrílico para proteção do rosto, luvas e álcool gel. Exigimos que todos os trabalhadores com suspeita ou confirmação de Covid-19, ou outras enfermidades, não estejam em homeoffice, mas sim em descanso completo para a não propagação e evolução da doença! Exigimos que o homeoffice não seja convertido em trabalho “fulltime”, com comunicações e exigências chegando antes ou após o horário de trabalho do servidor!
Nós estamos na linha de frente para que a cidade funcione, da periferia ao centro, e não aceitaremos que nosso suor seja convertido em propaganda! Mais organização e menos ações midiáticas, mais respeito e pelo fim dos abusos!!!
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