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BRASIL

Opinião: sobre a sanha imperialista sobre nós

Rafael Rodrigues Nascimento, de São Paulo (SP)
Reprodução

Em artigo publicado na revista de diplomacia Foreign Policy, Stephen M. Walt, professor de relações internacionais da Harvard University, argumenta as implicações de uma empreitada acerca de uma invasão estrangeira ao Brasil com o intuito de “salvar” a Amazônia. Evidentemente, trata-se da coisa mais absurda e descabida para a questão. O Brasil é um país soberano e não deve sofrer a interferência externa de ninguém, e menos ainda do imperialismo.

A questão aqui é cínica e hipócrita. Quem consome a carne brasileira – principal responsável pelo desmatamento na Amazônia – são os países do Primeiro Mundo, ou seja, ou o mundo todo toma uma atitude na mudança mundial de todas as relações econômicas no sentido de uma mudança abrupta do modo de produção ou não adiantará de nada ocupar o Brasil para “salvar a floresta”. Na verdade, a questão aqui é nítida: o imperialismo, com o pretexto de “salvar o mundo” quer controlar nossos recursos e terrenos para poder manter a sua hegemonia sobre o contexto de competição entre as nações. É um pouco isso que estamos vendo com o atual imbróglio com a França e a Alemanha. Macron, cuja popularidade anda em baixa por conta dos levantes do gilets jaunes (Coletes Amarelos), parece querer ver na questão da Amazônia sua oportunidade para posar perante sua população como um político “ilustrado” e humano, contudo, a questão aqui parece ser mais da ordem da agitação política do que efetivamente de tomadas de decisões drásticas por parte dos europeus. O que nos leva a crer que muito dificilmente haverá algum tipo de invasão militar do nosso país, a questão agora está muito mais para sanções econômicas – que não deixam de ser um velho esquema de boicote às economias do terceiro mundo – do que alguma empreitada belicista.

A questão aqui é: evidentemente precisamos buscar um novo rumo no contexto da nossa produção, presidamos almejar uma sociedade cuja produção seja sustentável e equilibrada com a renovação dos recursos naturais, no entanto, isso deve ocorrer na esteira de uma mudança no âmbito do mercado mundial, não em iniciativas parciais de alguns países. Deve ser uma mudança abrupta na forma como produzimos e isso é urgente!

Agora, buscar usar de uma narrativa ecocapitalista para justificar interferências externas em países soberanos não tem nada de “ecológico”. Ao contrário, é belicista e cretino, do ponto de vista político. Os principais responsáveis pela catástrofe ambiental que está por vir são os países do centro do capitalismo e do ocidente, não os periféricos como o nosso, ou seja, se o primeiro mundo deseja realmente que nós deixemos nosso atual modelo de produção agrícola, precisam nos dar contrapartidas, tais como tecnologia e implantar um plano mundial de produção de alimentos e carnes em que todos os países ajudem uns aos outros. E nesse sentido, os países mais ricos devem buscar financiar no âmbito internacional uma operação de transição econômica para um modo de produção limpo, sustentável e menos desigual.

Embora isso pareça distante – e não resta dúvidas que tal mudança precisará ser violenta já que será necessário mudar toda a nossa forma de produção atual e seu fundamento, o lucro -, acredito que uma aliança entre os setores socialistas e liberais na forma dos ambientalistas (ou os “verdes” como chamam na Europa) pode conseguir criar um consenso suficientemente importante em âmbito internacional e criar uma linha política em comum. A questão do ecossocialismo nunca foi tão urgente e necessária!

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Desmatamento