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MUNDO

Cinco observações sobre as eleições em Israel

Breve panorama sobre o simulacro eleitoral de Israel

Renato Teixeira, de Lisboa, Portugal

Benjamin Netanyahu, do Likud

Estes são os resultados provisórios do simulacro eleitoral em Israel, numa eleição onde Netanyahu pode ser ultrapassado pela direita, mas deve continuar Primeiro Ministro, a extrema-direita terá mais de dois terços dos votos e o campo sionista ultrapassa os 90% dos lugares do Knesset, o parlamento da colónia.

 

1 – A esmagadora maioria do eleitorado aceitou tomar parte no duelo entre o fanático Benjamin Netanyahu e o ainda mais fanático Benny Gantz, o tal general que se orgulhou de ter deixado Gaza na Idade da Pedra. Para que se perceba melhor o absurdo desta disputa é como se Jürgen Stroop, o comandante dos carrascos do gueto de Varsóvia tivesse mais votos que Hitler numa disputa do Reich.

2 – Somados, Gantz (da Aliança Azul e Branca de três partidos: Israel Resilience Party, Yesh Atid e Telem, todos no campo do sionismo conservador) e Netanyahu (Likud) totalizam perto de dois terços dos votos, mas não fica por aqui o campo da extrema-direita sionista. No último terço eleitoral conta-se ainda a Federação Sefardita dos Guardiões da Torah (Ultra-ortodoxo e conservador), a Unidade Judaica da Torah de dois partidos sionistas ultra-ortodoxos (Degel Torah e Agudat), a Rightist Union (frente de partidos do campo da direita sionista), o Kulanu do centro-direita sionista e o Yisrael Beitenu (sionismo ultranacionalista).

3 – O campo sionista não fica completo sem a esquerda sionista, mesmo tendo sido praticamente varrida do mapa, com o Labour (este há muito rendido ao militarismo sionista do Likud e à aliança com os EUA), e o Meretz, seu velho aliado no governo da farsa de Oslo que Israel nunca teve intenção de cumprir.

4 – A única boa notícia é que o Hadash, única opção fora do espectro do sionismo, uma coligação de partidos das esquerdas (comunistas vários, socialdemocratas, etc.), e o único partido com presença significativa da minoria árabe, que tem cidadania israelita, ainda pode ser a terceira força política.

5 – Tal feito, porém, valerá de pouco face à polarização entre Gantz e Netanyahu e à proliferação de partidos conservadores e nacionalistas com representação que irão provavelmente viabilizar a continuidade de Netanyahu, agora com a confiança de 90% do eleitorado para aumentar a intensidade da ocupação integral da Palestina.

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Israel / palestina