Nesta quinta-feira (13), completam dez dias que a onda de ocupações de escolas teve início no Paraná. Quando terminávamos este editorial, o levantamento dos estudantes já contabilizava mais de 250 escolas ocupadas em todo o estado. Na grande Curitiba, nas demais cidades, e principalmente nos bairros da periferia, os jovens continuam avançando no movimento de ocupações.
A primavera estudantil tem como principal pauta a luta contra a MP 746/2016, Reforma do Ensino Médio. Porém, o movimento também se coloca frontalmente contra os ataques do governo Michel Temer, expressos na PEC 241/2016, na Reforma da Previdência e no PL 257/2016.
Este autêntico e forte processo de luta inspirou ocupações nas universidades e abriu caminho para a construção da greve geral dos servidores públicos estudais e também para a greve de outras categorias, como é o caso dos professores municipais de Curitiba. A partir da próxima semana, teremos o início do movimento grevista, incluindo os professores e funcionários da educação pública estadual que protagonizaram um dos principais processos de luta que tivemos no ano de 2015, que terminou com a brutal repressão do governador Beto Richa, no dia 29 de abril.
Os ataques aos trabalhadores estão avançando rápido
Nos últimos dias, o governo Temer avançou nos ataques à nossa classe, acabou com a exclusividade da exploração do pré-sal pela Petrobras e aprovou a PEC 241 em primeiro turno na Câmara dos Deputados. Vale ressaltar que as prioridades do Executivo, neste momento, são esta Emenda Constitucional, a Reforma da Previdência e a implementação da Reforma do Ensino Médio nos estados.
Todas as medidas impulsionadas pelo Governo Federal são parte de um projeto para o país, que visa a retirada de direitos conquistados pela classe trabalhadora para poder favorecer o capital financeiro internacional através do pagamento dos juros e amortizações da Dívida Pública. Serão cortados os investimentos em áreas sociais como saúde e educação para favorecer os banqueiros. Com a PEC 241 os ‘gastos’ primários do Governo Federal ficarão congelados por 20 anos. Temer quer ‘cortar na carne dos trabalhadores’.
A onda de lutas no Paraná deve inspirar a organização da Greve Geral e as ocupações de escolas em todo o país
Não temos muito tempo, é urgente a efetivação da greve geral. A verdade é que estamos atrasados, infelizmente as direções majoritárias do movimento sindical se acomodaram a um governo de colaboração de classes, alianças com a direita, e fica evidente que a grande estratégia das direções ligadas ao PT e ao PCdoB é desgastar o governo Temer para voltar com Lula nas eleições de 2018.
Isso explica o atraso dessas direções em construir a greve geral, visto que o objetivo desses partidos é o de fazer o balanço de que Lula e Dilma eram melhores do que Temer. Não temos dúvida de que houve um golpe parlamentar articulado pela direita reacionária que agora se unificou em torno da agenda do atual governo, porém, sabemos que Dilma vinha tentando aplicar várias dessas medidas e encontrava resistência nas bases. Vale lembrar que o PL 257/2016 foi enviado à Câmara dos Deputados pela ex-presidente Dilma.
Todas as iniciativas de tentar unificar as ações das maiores centrais sindicais demonstraram que a CUT não atuou para construí-las. É perceptível a insatisfação nas bases dos sindicatos dirigidos pela CUT, os trabalhadores estão apreensivos e assustados diante dos inúmeros ataques, sabem que é preciso reagir e resistir rápido. Outro agravante é o distanciamento dessas direções de suas bases em algumas categorias, fato que também dificulta a organização da greve geral.
Precisamos de uma ampla unidade dos trabalhadores e estudantes no Brasil. É necessário ampliar as ocupações de escolas em todo país e colocar em prática a construção da greve geral, já. A principal pauta da classe trabalhadora, neste momento, é a luta contra os ataques de Temer.
O belíssimo, consciente e corajoso movimento dos estudantes no Paraná deve servir de exemplo para a classe trabalhadora. A vanguarda que organiza esta luta magnífica está escrevendo um importante capítulo da nossa história. Confiamos que as lições deste processo poderão fortalecer a nossa classe e forjar uma juventude no calor da luta, que terá nas mãos a obra da revolução socialista brasileira.
Foto: Reprodução Facebook
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