PARA QUE O FASCISMO NÃO SEJA ELEITO
Dirigimos esta nota especialmente às pessoas que pretendem anular o voto, ou não votar. Mas também à parte daquelas decididas a votar no candidato fascista, em função de uma profunda desilusão com o PT (e mesmo com o que temos chamado de democracia).
O GTNM-RJ é um movimento criado por pessoas que foram presas, torturadas, exiladas, que tiveram suas identidades arrancadas pela ditadura empresarial-militar, ou que viram essas atrocidades acontecerem com seus amigos e familiares. Uma ditadura, marcada pela corrupção, que aumentou de maneira profunda a histórica perseguição, prisão e assassinato de milhares de trabalhadoras/es, negras/os, indígenas, mulheres, homossexuais, inclusive daquelas pessoas que “não tinham nada a ver com política”.
Nos 33 anos de sua existência, o GTNM-RJ denuncia a continuidade dessas violências contra os setores mais oprimidos e explorados do nosso país.
O GTNM-RJ em nenhum momento de sua história defendeu qualquer posicionamento partidário, muito menos candidatos. Sempre estivemos lutando de forma autônoma e suprapartidária. Não temos dúvida de que somos um dos movimentos que mais criticou políticas dos anos de governo PT. Como nossa característica sempre foi denunciar e agir contra a continuidade da violência de Estado até os dias atuais, há mais de uma década temos alertado para a escalada fascista em nossa sociedade, que nunca deixou de ser racista, machista, classista, LGBTfóbica… Mas é um erro considerar que essas violências não vão aumentar exponencialmente com a vitória eleitoral do fascismo.
Ainda em 1986, durante o processo que resultou na Constituinte de 1988, chamávamos a atenção para o conservadorismo, em função da presença de setores reacionários ligados à ditadura. Mas também afirmávamos que seria “um erro não confiarmos na força dos movimentos democráticos organizados, dentro e fora do Parlamento, (…) lutando, pressionando, exigindo mudanças profundas, no campo, na cidade, as mulheres, os negros”… Ainda hoje, mais ainda hoje, essas lutam são necessárias e devem se multiplicar.
Temos certeza que os problemas de hoje têm ligação direta com o(s) passado(s) não contados, especialmente, não tendo sido feita a ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA. A naturalização da violência, da tortura e da militarização, a descrença nos caminhos democráticos, os ódios de classe, de raça e de gênero. O ódio que está fazendo muitos colocarem as armas em suas próprias cabeças e de seus semelhantes, garantindo que fiquem protegidos exatamente os que em toda a nossa história mais exploraram, mais destruíram, mataram e roubaram. Os que torturaram.
O momento hoje é tão grave que pela primeira vez anunciamos um posicionamento eleitoral. Não votemos no fascista Bolsonaro!
Votemos em Haddad.
Não votemos em Witzel, bizarra e violenta correia de transmissão do presidenciável fascista.
Não é mero detalhe que um projeto fascista chegue ao poder por uma ampla maioria de votos. É grave! Temos a consciência de que o PT não é a nossa solução e que precisaremos continuar as lutas de qualquer maneira. Mas será muito mais grave a vitória eleitoral do fascismo.
Contra o fascismo quase tudo é necessário, a não ser tornar-se fascista.
PELA VIDA (de todas, todos, todes)!
PELA PAZ!
TORTURA NUNCA MAIS!!!
Foto: Monumento ‘Tortura Nunca Mais’, do arquiteto piauiense Demetrios Albuquerque.
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