Por Mayara Barreto, Mauricio Moreira, Alisson Callado, de Natal, RN
Mais uma vez os filhos da elite protagonizaram um episódio de preconceito e ódio de classe. Depois do evento “se nada der certo”, onde alunos do Colégio Marista, em Porto Alegre, não se envergonham em expor como a classe dominante enxerga a classe trabalhadora: vendedores ambulantes, faxineiros, garis, empregados domésticos, agricultores e cozinheiros, foram motivo de chacota e representados como profissões consideradas de pessoas fracassadas.
Agora é a vez do Marista de Natal reproduzir mais uma cena de ódio, dessa vez contra os filhos da classe trabalhadora. Na noite do dia 31 de outubro, alunos dessa instituição, protagonizaram cenas lamentáveis durante um jogo de basquete onde enfrentavam o time do IFRN. Durante o jogo a torcida do colégio Marista entoou palavras de ordem contra a torcida adversária que demonstra o desprezo e intolerância da elite com os setores mais pobres da classe trabalhadora. Não se tratava apenas de uma disputa acalorada entre torcidas, mas de expressões que diziam “O meu pai come a sua mãe” e “Sua mãe é minha empregada”. Além disso, em tom provocador, prestaram apoio a candidatura de Bolsonaro, dizendo “1,2,3,4,5 mil. Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”, deixando claro a fonte de inspiração para o manancial de ódio destilado durante o jogo.
Infelizmente, fatos como esse já não são mais casos isolados. Em todas as regiões do país crescem episódios de intolerância contra os setores oprimidos e explorados da população. Exemplos não faltam: movimento Escola Sem Partido (que na verdade é a institucionalização dos preconceitos e do pensamento único), invasões a exposições de obras de arte, etc. Sem falar em retrocessos democráticos, como a permissão da justiça validando discursos de ódio como argumento narrativo no ENEM.
Já não restam dúvidas que as ideias conservadoras se fertilizaram nos último período, aproveitando-se da grave crise econômica e, como consequência, do agravamento da crise social e política que o Brasil mergulhou de forma mais enfática desde a efetivação do golpe parlamentar.
Incapazes de elaborar um projeto político que tire o país da crise que aprofunda desigualdades, apostam em soluções superficiais e demagógicas para os graves e complexos problemas nacionais, ou seja, oferecem mais violência e barbárie. É preocupante ver que setores supostamente mais bem escolarizados, sobretudo os jovens, terem sido contaminados pelo ódio classista contra os pobres e os trabalhadores, bem como, abraçado à ideais profundamente excludentes. Enxergam o país através de um espelho perverso, onde a solução é continuar a impedir a participação dos sujeitos historicamente excluídos na sociedade.
Nesse contexto, é preciso (re)pensar: que escola está sendo construída? que proposta de educação? Porque se por um lado a escola dos filhos da elite muitas vezes os ensinam o preconceito de classe e não os leva a refletir sobre seus privilégios, por outro lado, constantes ataques ao ensino público deseja impedir que discutamos com nossos alunos qual posição eles ocupam nesse contexto social e percebam-se como protagonistas da sua luta. Que tipo de sociedade sairá dessa equação? Jovens que não reconhecem seus privilégios, somados a jovens que não percebem a negação de seus direitos como quer os partidos que apoiam a escola sem partido?
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