Por: Nelson Júnior Olimar da Silva, de Belo Horizonte, MG
O mês de junho é tido como o mês internacional de luta LGBT. No dia 28 de junho de 1969, as pessoas que frequentavam o Bar Stonewall Inn, diante de mais uma batida policial, resolveram reagir. A reação foi imediata. Juntou-se mais gente na rua e diversas barricadas foram montadas. Naquele dia, a comunidade LGBT rompeu o silencio, e o conflito durou aproximadamente cinco dias. O levante contou com o apoio de diversas organizações de trabalhadores e movimentos de luta por direitos civis na época.
Passados quase 50 anos, a realidade das LGBTs não mudou. Um LGBT é assassinado por dia no Brasil, tendo muitas vezes a conivência da polícia. Também somos violentados de forma institucional dentro do Congresso Nacional a cada legislação aprovada que questiona os pequenos direitos concedidos até os dias atuais. A bancada religiosa legisla contra a comunidade LGBT e dissemina nossas mortes.
Na perspectiva de resgatar nosso passado de luta e debater com as LGBTs os desafios enfrentados no cotidiano do LGBT trabalhador, o Curso de Formação Política “Tira o Sindicato do Armário!” da CSP-Conlutas Minas Gerais abordou problemáticas sob a ótica das LGBTs moradoras de periferia e que estão em empregos precarizados.
Essa atividade de formação política, debate e discussões não foram marcadas por um recorte acadêmico e, ou de entendimento da teoria LGBT. Pelo contrário, nele foram expressas as distintas experiências sobre ser uma LGBT negra, moradora de periferia, e a realidade de conviver diariamente com o braço armado do estado: a polícia.
No curso estiveram presentes uma massa trabalhadora. O perfil do público era majoritariamente de LGBTs jovens trabalhadores, LGBTs trabalhadores ligados ao Sindeess e à saúde, motoristas de ônibus LGBTs, LGBTs desempregados e moradores de periferia e ocupações urbanas. Ainda participaram as mães do Coletivo Mães Pela Diversidade.
Foi um curso marcado por um discurso de entendimento de ser uma LGBT trabalhadora e todas as situações que passamos nas ruas, nos locais de trabalho, desde a expulsão de casa, até encontrarmos um lugar para morar. Foi um curso que foi bastante ligado ao discurso real e simples, um discurso longe das questões acadêmicas, ou ligadas aos grupos que discutem as teorias que perpassam a temática LGBT.
Achamos de grande importância fazer esse recorte, pois é preciso que as trabalhadoras LGBTs se apropriem do debate sobre os nossos direitos. É preciso que a cada dia nossa identidade e o resgate das nossas lutas estejam presentes no cotidiano de enfrentamentos, seja nos locais de trabalho, dentro de casa, nas escolas, dentro dos sindicatos e dos movimentos sociais.
Essa foi uma experiência importante que queremos aprimorar. Nesse sentido, o setorial LGBT da CSP-Conlutas já está discutindo a construção de outras atividades de formação política e atividades culturais para serem realizadas ainda este ano.
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